OPINIÃO






terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dom Helder: sonhos e utopias - Pe. Geovane Saraiva

“Eu tenho fome e sede de paz. Dessa paz do Cristo que se apóia na justiça. Eu tenho fome e sede de diálogo, e é por isso que eu corro por todos os lados de onde me acenam, à procura do que pode aproximar os homens em nome do essencial... E falar em nome daqueles que são impedidos de fazê-los” (Dom Helder Câmara).
Somos templos de Deus e ao mesmo tempo chamados a ser, a exemplo de Dom Helder Câmara, o artesão da paz, o profeta da esperança, dos grandes sonhos e utopias, a viver como ele viveu como anunciadores dessa mesma  esperança, por ele proclamada, ao alimentar em nós aquele profundo desejo de transformação do mundo e também a idéia de que outro mundo é possível. Nunca podemos deixar de declinar e disso não podemos prescindir e digo, que modo resplandecente, o nome de Dom Helder Pessoa Câmara, este que o consideramos o maior brasileiro de todos os tempos. Com Dom Helder o humanismo sempre prevaleceu, e de um modo sempre crescente, seja no campo cultural e intelectual, econômico e social, ensinando a nos convencer sempre e cada vez mais que a pessoa humana na sua dignidade é um dom maravilhoso do Pai e neste raciocínio guardemos seu pensamento: “A melhor maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes” (Dom Helder Câmara).
Predestinado para as coisas maiores, possuidor de uma força incansável, com muita alegria e esperança no coração, totalmente convertido a uma grande tarefa de construir Reino, a utopia mais bela e maravilhosa, Dom Helder não se acostumou, a ponto de se indignar com a miséria humana, porque ela fere o rosto do Deus Criador e Pai e contraria sua vontade. Por isso mesmo, decidiu, com muita obstinação e a ternura do “Bom Pastor”, levantar firmemente a voz e lutar, com o desejo de derrotá-la.(1)
Segundo o grande teólogo José Comblin, falecido no início deste ano 2011, aos 88 anos, que conviveu muito de perto com o querido arcebispo de Olinda e Recife: "Ele era um articulador de primeira grandeza, com noção de que, às vezes, sua influência seria maior se ficasse calado e não se manifestasse". Muitas vezes seus próprios colegas bispos ignoravam de onde vinham às excelentes propostas contribuições que estavam votando, narra José Comblin.(2)
Já bem antes do Concílio, às vésperas da inauguração de Brasília, Juscelino Kubitschek chamou Dom Helder e o convidou para ser o prefeito da nova capital federal, sendo insistente. Afirmou que tinha o parecer favorável de todos os líderes partidários, depois de consultá-los. Dom Helder recusou polidamente, dizendo: "Hoje, senhor presidente, eu estou aqui, frente a frente, debatendo com o senhor pontos de vista com absoluta liberdade e sem condicionamentos de qualquer ordem. No dia em que me incorporar ao seu grupo de comando, dentro das injunções concretas das práticas políticas, eu estarei amarrado, balançando a cabeça para concordar com o que o senhor disser, deixando de lhe trazer a colaboração original e independente da Igreja. Eu quero ter sempre um canal de diálogo livre e respeitoso com o Estado para cobrar o seu dever. Quero fazê-lo em nome de Deus e do povo. Quero ser a boca dos que não têm vez nem voz".(3)
Deus fez o homem com uma imaginação fértil e criadora, chamando-o para participar da sua natureza divina. Aí está sua grandeza. A terra tornou-se pequena para comportar a criatura humana, grandiosa na sua capacidade de imaginações e realizações em todos os sentidos. Padre Manfredo Oliveira, cearense de Limoeiro do Norte, grande figura humana e um dos maiores filósofos da atualidade, na sua mente dadivosa, foi extremamente feliz, ao afirmar que Dom Helder não cabia dentro da Igreja. Certamente ele queria enaltecer sua força imaginadora, talentos, sensibilidade e a inteligência privilegiada do pastor dos empobrecidos, que com habilidade soube perceber todas as novidades e desafios do século XX e colocá-los no seu coração, procurando dar-lhes uma resposta, indo ao encontro da criatura humana, com sua dignidade, imagem e semelhança de Deus.(4)
No último versículo do Evangelho de São João o autor sagrado afirma que o que Jesus realizou, neste mundo, é belíssimo e maravilhoso e, se tudo fosse escrito, livro algum caberia. O milagre da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), finda dizendo: Os que comeram dos cinco pães e dos dois peixes eram cinco mil homens sem contar mulheres e crianças. Estudiosos e especialistas da Palavra de Deus, sem negar, evidentemente, a divindade do Filho de Deus, acham um exagero, para aquele tempo, alimentar aquele grande número de pessoas. Deus fez o homem com uma imaginação fértil e criadora, chamando-o para participar da sua natureza divina. Aqui está sua grandeza,(5) e a do querido pastor dos empobrecidos.
Já o Cardeal Aloísio Lorscheider falava de Dom Helder, assim: "Foi um corifeu, com uma visão de futuro e com grande influência, muito respeitado e inquieto como uma barata tonta: Sua tribuna foi sua sabedoria em agir e articular nos bastidores", com uma oratória vibrante e com gestos rasgados que sensibilizavam e arrebatavam as multidões.(6)
Sua força imaginadora, sua criatividade e, sobretudo, sua capacidade de produzir e realizar as coisas foram extraordinárias, fazendo surgir uma nova Igreja, uma Igreja marcada, profundamente pela esperança, como ele afirmava: “Esperança é crer na aventura do amor, jogar nos homens, pular no escuro, confiando em Deus”. Ele se antecipou, em idéias e vestes, ao “aggiornamento” que o Papa João XXIII promoveu e com o qual iria revolucionar, não apenas a Igreja, mas o mundo hodierno.(7)
Dom Helder foi um articulador, na melhor expressão da palavra, um conspirador, pensando no bem, com suas iniciativas, compartilhadas por muita gente da Igreja, desejando fazer com que a Igreja-Instituição se comprometesse e se engajasse na causa dos empobrecidos, identificando-se com seu Fundador e Mestre, Nosso Senhor Jesus Cristo. Pensava e desejava ele uma Igreja mais pobre e mais servidora. O “Pacto das Catacumbas”, documento desafiador e ao mesmo tempo salutar, 16 de novembro de 1965, que foi uma excelente oportunidade para uma boa parte dos bispos pensarem e refletirem sobre eles mesmos, no sentido de viver na simplicidade e na pobreza, numa Igreja encarnada na realidade, comprometida com seu povo, renunciando às aparências de riqueza, dizendo não às vaidades, consciente da justiça e da caridade.(8)
Ele não só pensou e imaginou, mas teve clareza e persistência e, com suas idéias fixas, aspirou por um mundo segundo a vontade Deus, de tal modo que os seus sonhos e utopias transformaram-se em realidade. Essa afirmação nos faz pensar nas suas obras e realizações em favor da humanidade. É só olhar para seus escritos, poemas e pensamentos. Sua fidelidade a Deus e ao povo o fez manter-se acordado, olhando para dentro de si e, ao mesmo tempo, externando-a através desses mesmos ideais. Como Abraão, acreditou, sem jamais perder a esperança. Daí as marcas profundas deixadas por este homem de Deus. Após o seu centenário, percebemos, com todas as evidências, tudo o que ele representou para o Brasil e para o mundo, como símbolo, como patrimônio e, sobretudo, como referencial. Por isso, mesmo que alguém ou grupo tente ofuscar ou neutralizar, não irá destruí-lo nunca. A história o tem e o terá sempre como imortal.Dom Helder, pastor da paz e da ternura, sentia-se honrado quando seus inimigos o acusavam de utópico, porque se aproximava do “cavaleiro andante”. Dom Helder dizia-lhes: “Comparar-me a Dom Quixote, está longe de ser uma nota depreciativa” e acrescentava: “Ai do mundo se não fosse a utopia, ai do mundo se não fossem os sonhadores”.(9) 
Que o nosso bom Deus nos anime e nos encoraje, para que possamos, a seu exemplo, superar os obstáculos, próprio da vida, quando afirmava: "Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
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1.SARAIVA, Geovane (Padre). Nascido Para as coisas maiores. Fortaleza: Editora Celigráfica, 2009, p. 33.
2.SANTIAGO, Vandeck. Revista Continente. 100 anos de Dom Helder. N0 98.
3. SARAIVA, Geovane (padre). Dom Helder: forte e habilidoso. Boa Notícia, 2011.
4. Ibidem, p. 39.
5. Ibidem, p. 40.
6. Tursi, Carlo; Frencken, Geraldo (Org.). Mantenham as lâmpadas acesas: revisitando o caminho, recriando a caminhada. Fortaleza: Edições UFC, 2008, p. 65.
7. Ibidem, p. 40.
8. CONY,  Carlos Heitor. Dom Helder aos 80. Revista manchete, 04 de março de 1989.
9. Dom Helder: o artesão da paz. Brasília: Senado Federal. Conselho Editorial, 2009, p. 88.
Pe. Geovane Saraiva é Pároco de Santo Afonso - pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br



CARNIFICINA SOBRE RODAS
 Vilson Antonio Romero*


Manchetes de toda a semana: “Motorista embriagado perde o controle do veículo, atravessa canteiro central e mata cinco pessoas da mesma família que saía em férias. Dois jovens mociclistas morrem no perímetro urbano. Casal perde a vida em choque de automóvel com caminhão. Feriadão registra recorde de mortes em acidentes de trânsito. Ciclista é atropelado na margem da BR. Carro invade calçada, mata três e deixa cinco pessoas feridas.” Mudam de endereço, tipo e marca dos veículos envolvidos, idade e sexo das vítimas, mas o horror no trânsito não tem paradeiro.
Enquanto a tragédia não ocorre com um familiar próximo ou uma personalidade da cidade ou do meio artístico ou um de nós, este morticínio diário não mexe conosco, já faz parte do cotidiano. Parece estarmos amortecidos e impotentes diante deste pesadelo que ceifa mais de 110 vidas diariamente em todo o Brasil.
Há, com certeza, ingredientes explosivos contribuindo decisivamente para esta tragédia cotidiana. Estradas em más condições, velocidade excessiva, imprudência e despreparo dos condutores, embriaguez ao volante, veículos em demasia e muitos sem adequada manutenção.
Há três anos, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Brasil possuía 1.751.872 km de rodovias municipais, estaduais e federais. As estradas não pavimentadas, pasmem, eram a maioria, sendo 88,8% de estradas de chão, contra apenas 11,1% de rodovias pavimentadas, resultando em somente 196.093 km de vias asfaltadas.
O incentivo à aquisição de veículos automotores e as desonerações havidas durante a crise de 2009 impulsionaram o crescimento da frota. O total de veículos no país, na última década, mais que dobrou, aumentando 119%, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). A frota circulante no território nacional atingiu 64,817 milhões em dezembro de 2010, mas a malha viária teve mínima evolução.
Afora uma possível “bolha” financeira no crédito para aquisição de carros e motos com um saldo financiado de R$ 188,6 bilhões, já falta espaço para circulação veicular nos espaços urbanos das médias e grandes cidades. O país tem uma média de um carro para cada 2,94 habitantes e as ruas brasileiras ganharam 5,456 milhões de carros entre 2009 e 2010.
Na outra ponta, a carnificina, como conseqüência deste, entre outros fatores: 40.610 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil no ano passado, um quarto delas em ocorrências envolvendo motocicletas.
E um dado alarmante sobre duas rodas: de 2002 a 2010, a quantidade de óbitos em acidentes com motos quase triplicou no País, saltando de 3.744 para 10.143 mortes.
O alarme segue em 2011, no primeiro semestre houve 72,4 mil internações de vítimas de acidentes de trânsito. Muitas delas resultaram em óbito ou seqüelas irreversíveis, com certeza.
A fiscalização de trânsito foi aperfeiçoada, com aumento de pessoal e melhoria de equipamentos, em especial nas grandes cidades, as penalidades foram arrochadas, as campanhas publicitárias exploram os horrores de quem perde a vida ou invalida em acidentes. Apesar disto, a foice inclemente continua se abatendo sobre vítimas indefesas ou imprudentes.
Algumas medidas já são anunciadas para mudar este quadro. No Judiciário, uma delas é decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar que dirigir bêbado, mesmo sem causar acidente, é crime. No julgamento de recurso impetrado por um motorista de Araxá (MG), acusado de dirigir embriagado, o ministro relator Ricardo Lewandowski afirmou ser irrelevante indagar se o condutor alcoolizado causou algum dano: “É como o porte de armas. Não é preciso que alguém pratique um ilícito com emprego da arma. O simples porte constitui crime de perigo abstrato, porque outros bens estão em jogo”.
Equivale a dizer que um pedestre bêbado é só um bêbado. Um motorista bêbado é um cidadão inconseqüente armado, com alto poder de letalidade.
No Legislativo, da mesma forma e na mesma direção, um projeto aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal traz mais rigor à Lei Seca (Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008). A proposta do senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES) modifica o Código de Trânsito Brasileiro e eleva para até 16 anos de prisão a pena para quem dirigir embriagado ou sob efeito de outras drogas, e provocar acidentes com morte. Além disso, baixa de seis decigramas por litro de sangue para zero a tolerância de nível alcoólico de quem estiver dirigindo, sob pena de multa e até prisão.
Além do etilômetro, se aprovada a mudança, também passam a valer outras provas como vídeos, testemunhas e sinais de embriaguez. O projeto segue tramitando no Congresso.
No que tange à Seguridade Social, a cujas portas acorrem inválidos, órfãos e viúvos do asfalto, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a cobrar judicialmente de motoristas infratores o ressarcimento das aposentadorias e pensões resultantes de acidentes de trânsito. A primeira ação regressiva foi ajuizada pela Advocacia Geral da União (AGU) no Distrito Federal (DF). O motorista alcoolizado morreu ao dirigir em alta velocidade na contramão e o INSS agora está pagando pensão para a sua esposa. A colisão, em abril de 2008, no DF, causou a morte de cinco pessoas e lesões corporais em outras três. Desde então o INSS já gastou R$ 90,82 mil com benefícios em razão da ocorrência.
O INSS dispende R$ 8 bilhões anuais com as despesas decorrentes de acidentes de trânsito. As ações regressivas já estão sendo ajuizadas pelo INSS, na mesma linha das movidas contra empresas responsabilizadas por acidentes de trabalho.
Além, portanto de mais e mais campanhas de conscientização que devem começar na escola, de melhoria das condições de trafegabilidade de nossa malha viária, estas medidas, se colocadas em prática, trarão maior punibilidade às infrações e aos crimes cometidos no asfalto. Mas cada um deve ser também responsável pela redução da carnificina sobre rodas.

* Vilson Romero é jornalista, auditor fiscal da RFB, diretor de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa, da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social e presidente do Sindifisco Nacional em Porto Alegre.


NOVOS POSTS NO BLOG DO SENADINHO
Atenção turma do Agreste!


Sinal fechado.
Tadeu Arruda Câmara
O assunto mais badalado no momento no RN é a operação ‘sinal fechado’. Parabéns para o Ministério Público. Parabéns, também, para os juízes que tiveram a coragem de prender os inimigos da nossa sociedade. Parabéns para nossa imprensa que, apesar de tão pressionada, não se deixou calar num momento em que os urubus, farejando mais carniça e aliando-se aos seus comparsas políticos, planejavam dar mais um golpe na nossa sociedade sofrida pelas pesadas taxas impostas que dão sustentação à máquina corrupta de um governo capenga.Quando digo juntando-se aos políticos é porque tudo teve a cumplicidade deles. Quem aprovou a malfadada lei que suprime a já existente no plano federal? Foram eles. E sabe o que aconteceu com eles? Nada. Nada mesmo. Eles possuem imunidade parlamentar!Ontem, pelos Senadinhos de Natal, falava-se num suposto traidor. Traidor da quadrilha que, inconformado com o quinhão recebido, deu todas as dicas para o MP. Não falou em nome, só em retrato falado. A pressão veio de cima; de baixo, só vieram o clamor popular e a indignação.Como seria bom se nosso MP também fizesse isso nos outros órgãos públicos... Olhassem as licitações, principalmente nas grandes construtoras, tendo como base aquelas que mais doaram recursos para as campanhas dos políticos... São elas que esperam o retorno e têm os políticos na mão. Como seria bom se o MP olhasse com o mesmo vigor as prefeituras do nosso Estado, principalmente a de Natal, onde o caos generalizou-se... Olhasse nosso Tribunal de Contas, conhecido popularmente como faz de conta, um cabide de empregos para sociedade pagar... Olhasse a gastança de recursos públicos não só na operação sinal fechado, mas em todos os setores...


 Se acontecer o que estou pensando na política do Agreste do RN, por favor coloquem esta música em todas emissores de rádio. KKKKKKK



BRT é solução rápida e eficiente para desafogar o metrô

Célia Moreno 

  Ex Libris Comunicação Integrada

Integração com outros modais é necessária para que sistemas sobre trilhos funcionem com eficácia

O metrô de São Paulo tem atualmente uma rede de 70,6 quilômetros e registrou neste ano a maior demanda de sua história, proporcionalmente à população da capital. São quatro milhões de passageiros por dia, que representam 35% da população da cidade. Como a demanda cresce mais rapidamente do que a capacidade do metrô, o sistema registrou também a sua pior avaliação, de acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 7 de setembro.
Foi a primeira vez que menos da metade (47%) dos usuários avaliou o serviço como ótimo ou bom – 8% a menos do que na pesquisa de 2008. Os dados refletem a previsão de muitos especialistas em mobilidade urbana, que dão conta de que o metrô está prestes a ficar saturado, com muito público para pouco espaço. Para eles, é urgente que o poder público invista na construção de modais complementares ao metrô, e não somente em sua expansão, e em maneiras de aumentar seu público, como ocorre quando são ampliadas as integrações.
Uma alternativa importante que está sendo implantada em muitas capitais brasileiras, especialmente com investimentos da Copa do Mundo de 2014, é o BRT (do inglês Bus Rapid Transit). Trata-se de um sistema de transporte de ônibus em corredor exclusivo, segregado do trânsito comum. Somente no Rio de Janeiro, que também será sede dos Jogos Olímpicos em 2016, quatro grandes corredores BRT serão construídos - com os nomes de TransOeste, TransCarioca, TransOlímpica e TransBrasil -, somando 155 km de vias exclusivas para ônibus.
Segundo dados da Fundação Clinton de Desenvolvimento Internacional e do Instituto Jaime Lerner, a grande vantagem do BRT é que sua implantação é mais rápida e mais barata do que as opções sobre trilhos. O levantamento dessas instituições mostra que o metrô pode levar cerca de nove anos para ser implantado em um trecho de 10 quilômetros; VLTs, em torno de sete anos; e o BRT em torno de 2,5 anos para cobrir a mesma distância. Quando o aspecto é custo, as diferenças são assustadoras: a implantação do metrô implica em investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões por quilômetro, VLTs custam R$ 404 milhões, e BRT, R$ 11 milhões para o mesmo trecho.
Em São Paulo, um corredor nesses moldes liga o ABC à capital desde 1997. É o Corredor ABD, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), operado pela concessionária Metra. Com 33 quilômetros de extensão, o sistema funciona baseado na prioridade ao transporte de passageiros, de tal forma que até os semáforos que cruzam o corredor são sincronizados com a programação das linhas de ônibus. Pelas suas características de transporte rápido, o corredor registra uma média de 21 km/h nos horários de pico, velocidade bastante superior à média dos ônibus comuns, mesmo nas faixas “exclusivas”, mas não segregadas, que é de 11km/h.
O corredor paulista foi um dos locais visitados pelo secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, responsável pela implantação dos corredores que promoverão a ampla reformulação das formas de locomoção da população carioca, estimularão a racionalização do atual sistema de ônibus e darão maior agilidade aos deslocamentos das pessoas. "O corredor ABD impressiona pela eficiência conseguida, com simplicidade e foco na qualidade do serviço prestado ao usuário", disse o secretário.
30/11/2011


                                              

   Paradoxos e corrupção


Por Célio Pezza* 
Paradoxo é o conceito de uma contradição, pelo menos na aparência. Temos alguns paradoxos famosos como o Paradoxo de Epicuro, que fala sobre o problema do mal, o Paradoxo da Pedra, o do Crocodilo, etc.
O paradoxo da pedra, por exemplo, versa sobre a onipotência e diz o seguinte: Pode um ser onipotente criar uma pedra tão pesada que não consiga erguer? Se não consegue erguer a pedra, não é onipotente e se não consegue criar tal pedra, não era onipotente desde o início da hipótese. Já o paradoxo do crocodilo diz que um crocodilo rouba uma criança e quando sua mãe vai pedi-la de volta ele faz a proposta de que a devolverá se a mãe adivinhar de forma correta se ele vai devolver ou não. A mãe responde que ele não vai devolver a criança e aí está o paradoxo: se ele devolve a criança, entra em contradição, pois a mãe errou na resposta e se ele não devolve, acontece o mesmo, pois a mãe acertou a resposta.

No que diz respeito à corrupção, podemos imaginar o seguinte paradoxo: pode um presidente de uma empresa, que não seja corrupto, acabar com a corrupção em sua gestão? Se dissermos que sim, por que ele não acaba com ela? A primeira hipótese é que ele realmente quer, mas não acaba, pois não tem poderes ou não sabe como e, portanto não faz jus ao título de presidente, que é quem supostamente tem o poder e o preparo para tal; a segunda é que ele sabe como, mas não quer.

Neste caso, ele também é corrupto e contraria a hipótese inicial de que não é corrupto. De todas as formas, fica a pergunta do porque não acabar com a corrupção. Mário Amato, ex-presidente da FIESP, falou certa vez que “nós todos somos corruptos” e Itamar Franco, quando não conseguiu sua indicação para ser candidato à presidência, durante uma convenção do PMDB em 1998, comentou que “o lado que ganhou, comprou e o lado que perdeu, não comprou”. O que se vê é que na verdade todos nós somos participantes da corrupção, quer seja como autores, como vítimas, ou como omissos.

A corrupção talvez seja hoje a maior desgraça do ser humano, e no dia 09 de dezembro será comemorado o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Aqui no Brasil, creio ser interessante lembrarmos Rui Barbosa, quem disse num célebre discurso ao Congresso em 1914: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Sobre o Célio Pezza
Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles:  As Sete Portas, Ariane, e o seu mais recente A Palavra Perdida. Saiba mais em www.celiopezza.com


           Falhas do Minha Casa Minha Vida


Especialista afirma que falta de planejamento urbano e infraestrutura para comércio e serviços condena moradores à exclusão

Sérgio Guimarães Pereira Júnior
O principal programa habitacional criado pelo governo federal, reconhecido como importante indutor de crescimento, não contempla uma série de questões que deveriam ser observadas para a garantia de seu sucesso. Com a previsão de construção de dois milhões de casas entre 2011 e 2012, segundo especialista em urbanização, o projeto erra estrategicamente por não oferecer uma integração desses bairros à sociedade, se tornando um programa apenas de construção, e não de moradia. “O único objetivo do poder público é suprir a necessidade básica de habitação, como se esta fosse uma questão apenas de espaço. Não são consideradas as necessidades mínimas de quem reside nesses lugares. Falta um planejamento completo, que garanta a geração de renda e movimente a economia local”, afirma Sérgio Pereira Guimarães Júnior, especialista em urbanização e diretor da Vallor Urbano. Para ele, a falta de preocupação com a inclusão de comércio, áreas verdes, infraestrutura e mobilidade urbana, resulta na segregação da população de baixa renda e pode gerar em alguns anos o mesmo problema enfrentado atualmente na Europa, onde estão acontecendo revoltas de jovens estudantes por falta de emprego e acesso à saúde e moradia. UMA FÁBULA A ÀLCOOL

 Celio Pezza


A construção de um bairro deve levar em consideração vários pontos, como a destinação de áreas comerciais e institucionais, que garantem a capacitação profissional para os moradores dessas comunidades e também a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. No caso da Europa, o descaso com as regiões é um dos principais fatores para as revoltas. “São bairros extremamente distantes, ocupados por uma juventude, que em função da crise econômica local, não tem possibilidade de trabalho e reclama justamente da falta de estrutura de onde moram e das dificuldades de acesso aos serviços públicos” explica Sérgio Pereira. De acordo com o especialista, o fato do desenvolvimento da vida não ser pensado nesses locais, também faz com que nesses programas habitacionais a taxa de rotatividade e inadimplência sejam altas. “É como se o governo batesse um carimbo de social na testa do cidadão, marginalizando-o. O que é feito diminui expectativas e possibilidades, condenando-os à mesmice e ao conformismo”, afirma Sérgio Pereira.

Em São Paulo, um exemplo de projeto mal sucedido é a Cidade Tiradentes, onde um grande aglomerado de pessoas foi “jogado” naquele local, sem as devidas estruturas de comércio ou serviços. Outro caso é verificado no Rio de Janeiro, na Cidade de Deus, onde se desenvolveu a criminalidade. Segundo Sérgio Pereira, o poder público não proporciona as mínimas condições para que essas pessoas vivam nesses locais. “Não existe uma preocupação com a criação de uma estrutura urbana para que essas novas áreas nasçam como bairros”, explica. São locais que têm a presença do estado como um construtor apenas, mas depois disso, não há a oferta de serviços públicos, prefeitura e educação. “Essas ações podem gerar núcleos para criminalidade, com baixa qualidade de vida, condenando essas pessoas a nenhuma inserção na sociedade”, sinaliza Sérgio Pereira.

O especialista também aponta a falta de uma consciência comunitária nas comunidades locais como um fator negativo, independentemente da falta de estrutura e planejamento. Segundo Sérgio, a criação de um corpo de comunidade com a formatação de uma liderança com regras de convívio são indispensáveis para o desenvolvimento dessas regiões. “Nós importamos programas habitacionais como os do México e Chile apenas no que se refere à construção, mas não copiamos o modelo social fundamental de organização”, analisa Pereira.  Ações para a criação de uma organização comunitária custam muito pouco e se referem ao planejamento da vida da sociedade. Um trabalho não imputado a construtoras e empreiteiras, mas por empresas especializadas em urbanização e organização de sociedades.

O assunto sustentabilidade, tão discutido nos dias atuais, também está fora de cogitação no programa. No Minha Casa Minha Vida, também não há a destinação de áreas verdes, arborização de vias ou preocupação com a permeabilidade do solo, características essenciais na construção de um bairro. “As pessoas falam tanto em sustentabilidade e práticas de meio ambiente, e nós não vemos esses princípios no maior programa habitacional do governo”, comenta Sérgio Pereira. A falta desses itens compromete a qualidade de vida da população e gera problemas relacionados à saúde dos cidadãos e à infraestrutura como enchentes. “Se não pensarmos a vida do ponto de vista de quem vai habitar, o produto se tornará inviável”, aponta o especialista em urbanização.

 Sérgio Guimarães Pereira Júnior
 é diretor da Vallor Urbano - empresa especializada no segmento de urbanização de áreas e terrenos residenciais e industriais. Graduado em Administração de Empresas pela PUC-SP e  Direito pela PUC-SP, é pós-graduado em  Marketing pela London Business School e em Negócios Imobiliários pela FAAP.

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar. Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos. Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.
A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio. Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.
Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis. Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.
Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.
A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25% do setor. A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo. Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.

CELIO PEZZA é escritor.
Fonte: cpezza.com/wordpress/
Nasce Ketamyna, a 1500ª Waimiri Atroari
 

Ketamyna Atroari simboliza que a comunidade superou a extinção e confirma o recado do seu povo: “Digam ao mundo que vivemos”

Nasceu Ketamyna Atroari, a milésima quingentésima índia da comunidade Waimiri Atroari, que vive na divisa dos estados do Amazonas e Roraima, próxima ao lago da usina hidrelétrica Balbina. Com quatro quilos e 49 centímetros, a pequena Ketamyna (pronuncia-se quetamuná) é uma prova de vida para um povo que, em 1988, somava apenas 374 indivíduos. Ketamyna nasceu no dia 4 de novembro, na Aldeia Paryry (pronuncia-se paruru).

Os Waimiri Atroari sobreviveram à extinção – morriam em média 20% ao ano e hoje têm taxa de natalidade de 6% ao ano – graças ao programa Waimiri Atroari, implementado pela Eletrobras Eletronorte, em parceria com a Funai,  sob a orientação do indigenista Porfírio Carvalho. Segundo ele, “os índios estão todos muito bem, vivendo em suas terras sem invasores, sem perturbação, de acordo com sua cultura”.

Mas nem sempre foi assim. “Em 1986 reencontrei os Waimiri numa situação muito difícil. Estavam doentes, tristes, perambulando pela rodovia BR-174, pedindo carona a caminhoneiros, dependentes de alimentação e doações. Morriam, em média, 20% ao ano. Podia-se dizer que estavam caminhando para o extermínio. Aquele povo que conheci em 1969, guerreiros altivos, defensores do seu território e de suas vidas, estava triste, aguardando algo que não sabia exatamente o que era. Ainda não havia demarcação nem definição dos limites de suas terras”, explica o indigenista da Eletrobras Eletronorte.

Reconhecido como referência mundial, o Programa inspira políticas públicas, investe na valorização étnica e faz a diferença na história das comunidades indígenas da Amazônia.Homens, mulheres, crianças e idosos caminham saudáveis pelas aldeias onde a comida é farta e, o sistema de organização social, uma aula de cidadania. Tudo por meio do programa idealizado para compensar os impactos provocados pelo alagamento de 30 mil hectares das terras indígenas – hoje demarcadas em 2.585.911 ha – pela hidrelétrica Balbina.

Saúde
Um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento populacional desses índios é o subprograma de saúde. O objetivo é garantir boas condições de vida à população Waimiri Atroari, valorizar a medicina tradicional e repassar conhecimentos das outras formas de medicina. Na reserva existem 19 postos de saúde e oito laboratórios. As atividades são realizadas por uma médica, enfermeiras, odontólogas, 18 agentes técnicos, um motorista, com o apoio de 39 agentes técnicos de saúde e 12 laboratoristas indígenas. No início todos os laboratoristas eram brancos, mas depois os primeiros Waimiri foram sendo treinados e repassaram os conhecimentos para outras pessoas da comunidade. Hoje são 12 escolhidos pelo povo.

Educação
Na educação não é diferente. O método é único no mundo, desenvolvido exclusivamente para eles. Primeiro, aprendem a escrever na língua própria e, quando já estão interpretando a escrita, começam a aprender o português e a matemática. São bilíngües. As aulas não se limitam à escola, mas podem ser explorados outros espaços como recurso didático, a exemplo de caçadas, pescarias, construção de malocas. São 19 escolas, 54 professores Waimiri Atroari e sete não-índios que auxiliam em disciplinas como ciências, geografia e matemática. No início do Programa não havia professores da etnia, o que foi acontecendo com a realização de cursos de capacitação e formação.

Produção
A valorização da capacidade de produção dessa comunidade também fez a diferença. Antes do Programa, os Waimiri Atroari viviam um processo de desagregação de seus processos produtivos passando para uma dependência alimentar. Com o Programa, os índios voltaram a realizar seus roçados tradicionais e sua independência alimentar foi resgatada.

Uma festa para Ketamyna
As aldeias Waimiri Atroari impressionam pelo tamanho, pela limpeza e magnitude das malocas. Em breve uma delas receberá a festa de comemoração pelo nascimento de Ketamyna Atroari e, durante dias, eles cantarão, dançarão e beberão uma de suas originais preparações culinárias, o mingau de buriti. O coco do buriti é coletado na mata, triturado e misturado à tapioca. Na cozinha, as mulheres também preparam peixes, caças e mingau de banana. Os Waimiri Atroari não consomem álcool nem qualquer outro tipo de droga.

Para Porfírio Carvalho, idealizador do Programa Waimiri Atroari, o trabalho mudou a vida dessa comunidade indígena. “Não é um trabalho qualquer, mas de sentimento, de amor. Hoje, os Waimiri Atroari são um povo orgulhoso da sua vida, do seu território e da sua cultura”, enfatiza Carvalho.

Em 2003, nas festividades do nascimento do 1000º Waimiri, o cacique Mario Pawere comemorou o fim da ameaça de extinção, saudou os convidados brancos e deixou o recado dos Waimiri Atroari : “Digam ao mundo que vivemos!”

 

Prostituição Infantil

Autor: Pr. Gilberto Sales


Temos ouvido muitas denuncias do ministério público sobre o problema da prostituição infantil e dos corruptores adultos de menores. Qual a origem social deste fato?
Aos meus olhos, é em parte a desigualdade socioeconômica de nosso país, oriunda também de uma desigualdade socioeconômica globalizada. Isto dá origem a países ricos e pobres, a famílias ricas e pobres, e juntando a tudo isto nós temos uma mídia que bombardeia seus ouvintes juvenis com a seguinte idéia: "para você ser aceito pelo grupo você precisa ter...", levando a um desejo consumista desenfreado.
Este aspecto social leva os jovens a buscarem meios mais rápidos de ter o que tanto seus olhos almejam. Para se combater a prostituição infantil, os órgãos públicos deveriam realmente se empenhar em combater a pobreza, buscando meios de levar a nação a uma situação socioeconômica equilibrada, mesmo que no mundo globalizado isto seja uma utopia, devido aos interesses das grandes nações.
Diante deste quadro socioeconômico deteriorado, surgem aqueles indivíduos que se aproveitam da situação limitada de outros, inclusive jovens meninas e meninos; propondo-se a ajudar, mas, pedindo algo em troca (sexo). E Jesus nos ensinou que devemos estender a mão aos necessitados "reais" sem ter na mente segundas intenções: "Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me." Mateus 25:35-36.
Outro fator agravante que observo é a infidelidade conjugal, pois se não houvesse a infidelidade conjugal, não haveria a prostituição, seja praticada por um adulto, ou por um adolescente aliciado. Há o corrupto porque também há o corruptor. E partindo deste princípio, se cada "homem-marido" buscasse ser fiel à sua esposa, não buscando aventuras extraconjugais, minimizaria grandemente a incidência de prostituição infantil. Pois vemos em muitos casos comprovados, que os culpados são homens casados com família constituída. Salomão nos diz: "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade." Provérbios 5:18
Em resumo, toda a sociedade pode cooperar para minimizar o problema da prostituição infantil, cada um fazendo a sua parte. Políticos, com políticas "realmente públicas", maridos fieis aos seus cônjuges e uma ação social, desinteressada, para os reais carentes. Como também a conscientização do jovem da importância e da valorização do trabalho como meio de realização de projetos pessoais.
             

 

Atualidades? Atualize-se!

(*) Fabrício Vieira de Moraes
Muito se reclama da mão pesada dos vestibulares sobre o Ensino Médio. O programa dos exames universitários impõe, em grande medida, o conjunto de conteúdos curriculares das escolas básicas, fazendo com que o currículo se torne inchado e pouco arejado. No caso da Fuvest, por exemplo, cada um dos institutos da Universidade de São Paulo (USP) se reúne anualmente para elencar os temas que devem ser contemplados nos exames, sem levar em conta o papel da escola e do Ensino Médio, em particular, na formação do aluno como um todo – e não apenas no preparo para o vestibular.
Isso já seria problemático se estivéssemos pensando apenas na USP. Cada universidade pública faz o mesmo, em um efeito cascata que desaba sobre o programa curricular das escolas. Essa influência é bastante conhecida dos educadores. De resolução complexa, justificou o surgimento do advento do Enem e a recente reforma do Ensino Médio proposta pelo Conselho Nacional de Educação. É uma discussão em aberto, que provavelmente trará bons frutos.
Não é esse, porém, o tema deste artigo. Queremos tratar de um efeito positivo dos vestibulares sobre as escolas, que vem ficando cada vez mais radicalizado. É a questão do foco nas questões da atualidade.
Há algum tempo, atualidades eram aqueles assuntos ocorridos ao longo dos últimos anos, quando a massa principal dos conhecimentos transmitidos nas salas de aula tinha décadas ou séculos de existência. Muitas vezes eram tendências genéricas, como a preocupação ambiental ou o esfacelamento do comunismo. Os próprios livros didáticos eram capazes de acompanhar uma ou outra mudança, e era atual um texto que chegasse pelo menos aos anos 1980.
Isso mudou muito. Em um mundo caracterizado pela inédita velocidade das transformações, o tema “Atualidades” agora se refere a acontecimentos de importância nacional ou planetária que podem ter acontecido há poucas semanas. O mundo não se move mais como lentas jogadas de xadrez. Está mais para uma partida de tênis de mesa, e tirar os olhos da bolinha pode levar ao fim da partida.
Por isso, escolas e alunos que se preparam para os vestibulares de 2011, acautelai-vos, como diriam os antigos. Os livros didáticos não dão conta da velocidade das mudanças e é o professor que deve estar atento para fazer de sua aula um espaço para a discussão do novo. Questão nuclear, mudanças climáticas, terremotos, redes sociais, código florestal, crise financeira mundial, revoluções no mundo islâmico – enfim, os assuntos estampados nas manchetes dos jornais mais recentes estão na ordem do dia.
Mais do que isso: não serão cobrados nos exames como fatos estanques, que requerem só boa memória. Os acontecimentos da atualidade entram nos vestibulares como ingredientes de raciocínios cada vez mais complexos e análises cada vez mais críticas. Como os fatos se juntam? Como os conhecimentos aprendidos na escola podem nos ajudar a compreendê-los? A que passado respondem e em que direção apontam? Ou ainda além: como o aluno desenvolve um ponto de vista e de que lado esse ponto de vista o posiciona nas discussões que envolvem toda a sociedade?
Como se vê, tratar de atualidades não é apenas incluir mais um capítulo na lista de conteúdos. É reorientar o pensamento pedagógico da escola e a estratégia das aulas. Essa perspectiva se cruza diretamente com outro desafio da educação contemporânea: tornar o ensino mais significativo.
Muitas vezes, pela forma como os temas são trabalhados em sala, os alunos são induzidos a pensar, por exemplo, que aprender matemática e ciências é necessário apenas para aqueles que serão pesquisadores ou seguirão carreiras nas áreas de exatas e de tecnologia. A realidade é muito diferente: o pensamento lógico e científico é necessário para o exercício da cidadania, para se ler uma bula de remédio, para entender questões ambientais que afetam o futuro, para compreender o noticiário.
Assim, o foco no entendimento das questões da atualidade é uma oportunidade excelente para que nossas escolas mostrem aos alunos que boa parte do que aprendem não é para satisfazer os examinadores, mas para que sejam homens e mulheres de seu tempo, com maiores chances de se realizarem e transformarem o mundo.
Por isso, esse movimento reforçado pelo Enem e presente nos melhores vestibulares do país é muito salutar. Está mais do que na hora de nós, educadores, deixarmos de formar jovens que olham apenas para o passado. É necessário torná-los aptos a compreender este presente tão complexo, para que sejam capazes de mudar nosso futuro.
(*) Fabrício Vieira de Moraes é coordenador pedagógico da Divisão de Sistemas de Ensino da Editora Saraiva (http://www.sejaetico.com.br/ / http://www.souagora.com.br/)

Qual Será a Quarta Maça?

Luciano Pires  

  Nasci em 1956 em Bauru, no interior de São Paulo, numa família católica apostólica romana. Cresci sob a moral cristã num contexto em que uma maçã teve peso absoluto. Foi experimentando uma que Adão e Eva desobedeceram a uma ordem divina e foram expulsos do Paraíso. Mesmo que você argumente que Adão e Eva são apenas uma alegoria e que nada daquilo existiu de fato, aquela maçã determinou um momento de virada que influenciou a história da humanidade e a formação moral de milhões de pessoas.
Sou o que sou como reflexo daquela primeira maçã.
Em 1965, com nove anos de idade, ganhei um compacto duplo com quatro músicas: Help!, I´m down, Not a Second Time e Till There Was You, de uma banda chamada The Beatles. Mas eu era muito jovem para entender aquilo. Foi só a partir de 1969, aos 13 anos, depois de ganhar um elepê chamado The Beatles, que percebi que algo diferente acontecia no mundo. E comecei a trilhar um caminho no qual meu modo de vestir, de dançar, de pentear o cabelo comprido, de falar e de interagir com os amigos e com a família entrava em choque com a geração de meus pais. O mundo estava em revolução. Vietnan, Rock´n Roll, as drogas, os hippies, a contracultura, os quadrinhos, o cinema, tudo mudou. Mas foi aquele disquinho de 1969 que abriu meus olhos para o que estava acontecendo. Ah, sim, aquele elepê foi editado por um selo novíssimo chamado... Apple.
Sou o que sou como reflexo daquela segunda maçã.
Cresci, fiz minhas escolhas e nos anos oitenta fui trabalhar como executivo numa multinacional de autopeças. Em 1986, produzindo um anúncio em homenagem à Volkswagem, fui a uma agência de criação onde conheci uma novidade: um computador Macintosh. Assisti maravilhado o artista fazendo diabruras com o logotipo da empresa, botando abaixo tudo aquilo que eu conhecia de fotomontagem, pasteup, letraset e fotolitos. Uma máquina com um design diferente, tela em preto e branco, um mouse e capacidade de fazer coisas que a gente via na tela antes de ter o produto pronto! Eu sabia que naquele momento minha vida começava a mudar. O computador passou a ser minha ferramenta indispensável para pesquisar, brincar, criar e me comunicar. Mudei a forma de trabalhar, a forma de pensar, a forma de me relacionar com o mundo. Depois veio o IPod com o ITunes, a base da tecnologia que me possibilitou criar o podcast Caf&e acute; Brasil. E por fim, o IPhone e o IPad. Nunca me cansei de admirar aquela turma capaz de criar coisas com as quais a gente nem mesmo sonhava... Ah, o nome da empresa é Apple.
Sou o que sou como reflexo dessa terceira maçã.
Ontem morreu Steve Jobs, o gênio criador da Apple, um espetacular editor de idéias que sabia antes da gente o que é que a gente queria. Não tenho dúvidas que junto com ele morreu muito do espírito inquieto que fez da Apple a empresa revolucionária que mudou a vida até de quem não sabe o que é um computador.
Mas hoje acordei com uma dúvida...
Qual será a quarta maçã?
Mais Sobre o escritor do artigo:
Luciano Pires é um profissional de Comunicação (começou como cartunista, escritor, radialista e podcaster) que por 26 anos foi executivo de marketing (12 dos quais na função de diretor) de uma multinacional de autopeças. Em 1993 começou a realizar palestras e já atendeu centenas de empresas pelo Brasil, como Petrobras, Vale, ABN, VW, Itaú, Unilever com suas provocativas abordagens do jeito brasileiros de administrar negócios.
É editor do portal Café Brasil que hoje possuí um dos podcasts (programa em áudio distribuído pela internet) mais importantes do país, com uma média de 120 mil downloads/mês. Este ano há previsão de que ultrapassará o número de 1,4 milhões de downloads.
Daniela Ribeiro - Comunicação & Eventos
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"Parece que foi ontem..."

Arrogância e falta de conhecimento

                                               Antoninho Marmo Trevisan*

Fiquei inclinado a conceder bolsa de estudo na instituição que dirijo à jornalista Samantha Pearson, do tradicional matutino britânico Financial Times, após ler seu despeitado artigo sobre a participação da presidente Dilma Rousseff na cúpula Brasil-União Europeia, na Bélgica. A moça, definitivamente, precisa reciclar seus conhecimentos para escrever melhor e com mais coerência.
A primeira confusão do desastrado texto refere-se ao alerta de Dilma quanto à importância de se tentar combater a crise sem aprofundar a recessão, referindo-se, como exemplo, às agruras da América Latina nos anos 80, quando medidas fiscais extremamente restritivas aprofundaram a estagnação. A jornalista, porém, parecendo não entender o significado de “medidas fiscais”, retrucou:  “Sim, você leu direito. O país que está listado em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu desajeitado e pesado sistema de impostos está dando conselhos sobre  impostos restritivos”.
Ora, a presidente, nesse ponto, não falou sobre tributos, mas a respeito do corte exagerado de investimentos públicos, serviços essenciais e salários dos servidores do Estado, como ocorre em nações europeias, sem efeito prático na contenção da crise e com agravantes recessivos. A articulista, contudo, comparou limão com laranja. O fato de ambos serem cítricos, não significa que sejam a mesma fruta.
Samantha também questionou o direito da governante brasileira de fazer sugestões aos europeus, esquecendo-se de um pequeno detalhe: tratava-se de reunião formal de cúpula. Dilma não estava lá para trocar receitas de bolo com a premier alemã, Angela Merkel, mas para analisar, entre estadistas, os problemas mundiais e o intercâmbio com a Europa. Este pressuposto e a liberdade de expressão, vigente na Inglaterra desde a Carta de João Sem-Terra (1215), legitimaram as propostas. 
Além de mal-educada, foi improcedente a hipocrisia atribuída pela jornalista à presidente devido a duas questões: a defesa brasileira decombate ao protecionismo, uma semana depois da adoção do aumento do IPI sobre automóveis importados; e a compra de dólares pelo Banco Central (anterior àpresente desvalorização do Real), em contraponto com a crítica a países queestariam manipulando suas moedas. Os dois casos devem ser analisados à luz do ataque ao aquecido mercado brasileiro, nem sempre com práticas comerciais civilizadas, por exportadores em busca de alternativas à queda das vendas na Europa e Estados Unidos.
Há anos, a cotação do Real favorece importações e dificulta exportações da indústria de transformação, cujo déficit na balança comercial em 2010 foi superior a US$ 70 bilhões. Assim, a tal compra de dólares nem de longe determinou a curva de cotação da moeda nacional. Portanto, o Brasil pode, sim, criticar a depreciação cambial artificial. Quanto ao IPI, realmente é uma defesa comercial, mas limitada e ínfima, por exemplo, em relação aos subsídios agrícolas de nações desenvolvidas. Ademais, é ação pontual, num contexto peculiar da economia internacional.
         No final do artigo, a jornalista acaboucorroborando a performance do Brasil no enfrentamento das crises, ao dizer que, “graças a um dos sistemas bancários mais sólidos do mundo, enorme capacidade de adotar medidas anticíclicas e reservas cambiais robustas, o país sente-se no direito de distribuir conselhos, ainda que excêntricos”. Ante tal arrogância, cabe uma ressalva: os indicadores são conquistas de um povo que está aprendendo a arte da sobrevivência num mundo cada vez mais complexo, no qual, aliás, o G8 não dá mais as cartas sozinho.
*Antoninho Marmo Trevisan é o presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
Maria Cristina Megid
Parece que foi ontem. Íamos a restaurantes e uma fumaça tóxica rompia a barreira da ala de fumantes, atrapalhando as refeições. Nossos filhos iam a casas noturnas, respiravam tabaco puro e suas roupas voltavam impregnadas do cheiro do cigarro. Nas empresas, era comum haver pessoas fumando nos  corredores, escadas ou cozinhas.
Parece que foi ontem, mas todas estas situações não existem mais no cotidiano dos cidadãos paulistas há quase dois anos e, aos mais novos, já começam a parecer absurdas.
No dia 7 de maio de 2009 o Estado de São Paulo iniciou uma revolução em favor da saúde com a sanção da Lei Antifumo, que após três meses em experiência passou a vigorar em agosto daquele ano. Decididamente, foi uma vitória contra o tabagismo passivo, considerado a terceira causa de morte evitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Ainda no final de 2008, quando o envio do projeto de lei à Assembleia Legislativa foi anunciado pelo governo do Estado de São Paulo, foi unânime o apoio dos profissionais de saúde pública em todo o Brasil e também de outros países. Mas o ceticismo da população e mesmo de alguns órgãos de imprensa em relação à efetividade no cumprimento da legislação foi igualmente grande. Afinal, mais do que uma lei, tratava-se de uma questão de mudança de hábitos.
Eis que, depois de dois anos de sanção e 21 meses de vigência, não há menor dúvida de que a Lei Antifumo "pegou". Foram 432,8 mil fiscalizações realizadas por agentes do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, vigilâncias sanitários municipais e do Proncon-SP, com 945 multas aplicadas, o que representa um impressionante índice de 99,8% de adesão entre os estabelecimentos visitados.
Apenas dois bares foram interditados por 48 horas neste período por desrespeitarem a norma que proíbe o fumo em ambientes fechados de uso coletivo, o que indica a eficácia do trabalho de divulgação da lei e de orientação da população e dos proprietários de estabelecimentos quanto aos objetivos da restrição, para o bem da saúde pública.
Cidades importantes, como Curitiba (PR), Salvador (BA), e o Estado do Rio de Janeiro, seguiram o exemplo de São Paulo e também vêm combatendo o tabagismo passivo.
Passados estes dois anos, é preciso também dizer que a preocupação tem que ser permanente. A população é peça fundamental para que a Lei Antifumo continue funcionando bem. O apoio dos próprios fumantes em relação à medida é muito importante. E esperamos que todos os cidadãos continuem sendo nossos principais fiscais, denunciando os estabelecimentos que insistem em transgredi-la.
A Lei Antifumo pegou porque é bem feita, exequível e cercada de argumentos em favor da saúde. Um estudo feito pelo Instituto do Coração (Incor), do sistema HC-FMUSP, mostrou que, com a lei, os ambientes fechados passaram a ter até 73% menos de monóxido de carbono do que tinham antes, o que incide diretamente na ocorrência de doenças dos sistemas circulatório e respiratório.
Isto significa que as pessoas que não fumam voltaram a ter direito de não sofrerem com os males do cigarro, o que antes acontecia mesmo que não os tragassem diretamente. Isto, sim, é liberdade.
Maria Cristina Megid, médica, é diretora do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo



SOLIDÃO 
              Francisco  Buarque  de  Holanda                
     
 Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
             Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
            Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
             Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
             Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
             Solidão é muito mais do que isto.
             Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.... 

É PROIBIDO SER PERDULÁRIO
José Maria Chapina Alcazar

            A vigorosa reação da opinião pública à mais recente tentativa de recriar a CPMF sob nova roupagem converteu-se numa cabal demonstração de que a sociedade já não suporta calada a repetição de antigas artimanhas destinadas a tungar o bolso do cidadão em benefício de uma casta de políticos e apadrinhados que se acomodam às benesses do Planalto Central e se esquecem dos sacrifícios enfrentados pela grande maioria da população brasileira.
            Todo mundo conhece os crônicos e jamais resolvidos problemas da saúde pública em nosso país e reconhece a importância de se aplicar mais recursos no setor, como uma das condições necessárias, mas não suficiente, para a solução dessa crise que se eterniza.
            O que não dá é apelar para a via fácil da tributação. Começou com o imposto do cheque, seguiu com a contribuição provisória que virou permanente até não ser mais nem uma coisa nem outra, e agora vinha maquiada com uma nova sigla, CSS (Contribuição Social para a Saúde), felizmente abatida durante a votação na Câmara dos Deputados.
            Os parlamentares finalmente cumpriram uma antiga obrigação e regulamentaram a Emenda Constitucional nº 29, que há dez anos esperava por esse dia. Aliás, a história começou antes. A Constituição Federal de 1988 determinou que o SUS (Sistema Único de Saúde) fosse financiado conjuntamente pela União, Estados e municípios, cada qual entrando com um percentual da receita orçamentária definido em lei.
            Como a legislação permaneceu em aberto, no ano 2000 a Emenda 29 alterou a Constituição de forma a fixar temporariamente índices para cada ente federado, até que se votasse uma lei definitiva. Além disso, também ficou no ar a questão de se saber exatamente quais despesas poderiam ser incluídas na rubrica saúde para efeito de contabilizar o cumprimento das metas legalmente determinadas.
            Essas lacunas foram cobertas na votação realizada em 21/09 na Câmara dos Deputados. Municípios terão de gastar com saúde 15% da receita corrente bruta, Estados 12%, e a União se obrigará a corrigir os gastos anuais usando a variação do PIB do período anterior. E só poderão ser consideradas despesas diretamente vinculadas ao setor (pessoal, medicamentos, ações sanitárias, obras).
            Além disso, foi retirada do projeto a definição da base de cálculo da famigerada CSS, que ficou, portanto, inviabilizada.
            Embora o texto ainda passe mais uma vez pelo Senado, já que sofreu alterações, fica a certeza de que a CPMF repaginada vai continuar apenas rondando a vida nacional como um fantasma. Ninguém vê condições políticas para acrescentar mais um tributo federal à atual e extensa lista: são 68 impostos, contribuições e taxas, desde nosso velho conhecido Leão do Imposto de Renda até coisas exóticas como a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine).
            Só a área federal já arrecadou este ano, até julho, R$ 555 bilhões, ou seja, 14% a mais (descontada a inflação), que no ano passado. A previsão para o ano inteiro é ultrapassar a marca inédita de R$ 1 trilhão.
            E o que se faz com tanto dinheiro? Deveria retornar à população na forma de bons serviços públicos, especialmente saúde, educação, transportes. Mas veja-se este dado: entre os 30 países com maior carga tributária no mundo, o Brasil oferece o pior retorno dos valores arrecadados, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.
            Do que se conclui que, para melhorar o atendimento às famílias e oferecer a mínima qualidade merecida por quem paga pelo (mal) funcionamento da máquina administrativa, está na hora de falar menos e fazer mais com o dinheiro que existe e que, como se viu, é bastante volumoso. O momento nacional sugere fazer menos nomeações “políticas” e colocar pessoas capacitadas para obter uma gestão eficiente e eficaz, alcançando melhores resultados. Evitar desperdícios e eliminar gargalos, de modo a maximizar o rendimento. E combater sem tréguas a corrupção, foco de desvio de imensas somas de recursos públicos que precisam voltar para sua finalidade original em benefício da sociedade.
            Temos, sempre é bom repetir, uma estrutura caótica de impostos, contribuições e taxas, nos três níveis federativos. São aplicados de forma desordenada e injusta, atingindo pesadamente a produção e o consumo, e inibindo a geração de emprego e renda para o trabalhador. Encargos e burocracia em excesso constituem pesado fardo adicional para as empresas.
            O saudoso Tancredo Neves, no discurso de posse, que não chegou a pronunciar, mas foi lido pelo vice-presidente que assumiu, José Sarney, dava a diretriz de seu governo: é proibido gastar!
            Pois bem, nesses tempos de ameaça de crise, o lema deve ser: é proibido ser perdulário.
            * José Maria Chapina Alcazar é empresário contábil e presidente do SESCON-SP - Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo e da AESCON-SP – Associação das Empresas de Serviços Contábeis.

 

Reforma política: as resistências e o estado da arte

Marcus Pestana
Há uma percepção generalizada de que o nosso sistema político precisa ser reformado. Evidências de seu esgotamento saltam aos olhos. No entanto, há enorme distância entre intenção e gesto.
Na Câmara, o debate se aproxima dos momentos decisivos, com a discussão e votação do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) na Comissão Especial.
Uma informação importante: nenhuma alteração será introduzida nas regras do jogo para as eleições municipais de 2012.
Para recuperar o fio da meada é importante resgatar os três grandes objetivos da reforma política. Primeiro, aproximar a representação política da sociedade, eleito do eleitor. Segundo, baratear as milionárias campanhas e fechar as portas para a corrupção. Terceiro, fortalecer os partidos.
Para avançar em relação ao atual sistema proporcional nominal, teríamos três modelos: o distrital puro, presente nos Estados Unidos, na Inglaterra e na França (Minas, por exemplo, seria dividida em 53 distritos de cerca de 260 mil votos, e o deputado seria o majoritário), a lista fechada pré-ordenada que existe em Portugal e na Espanha (onde se vota nos partidos e não nas pessoas) e o distrital misto de tipo alemão (metade na lista, metade nos distritos). A primeira e a terceira opções têm a simpatia do PSDB. A segunda tem a preferência do PT, PPS e DEM. O PMDB apareceu com uma quarta proposta, o distritão, onde o distrito seria o Estado todo e seriam eleitos os mais votados por voto majoritário, aguçando o personalismo e o individualismo.
Nenhuma proposta tem maioria. Qualquer mudança que precise de emenda constitucional, portanto de 3/5 dos votos, não passa. O financiamento público exclusivo só parece viável com a lista fechada.
O relator Henrique Fontana, depois de ouvir muita gente, chegou a uma fórmula confusa e original. Metade das vagas seria preenchida pela lista pré-ordenada, a outra metade pelo sistema atual. O financiamento seria praticamente público. Dificilmente, a proposta passará na Câmara e no Senado.
Diante de tamanho impasse, mesmo defendendo o distrital misto, propus mudanças mais simples. A manutenção do atual sistema nominal proporcional, mas com a redução da base territorial da circunscrição. Ou seja, Minas seria dividida em 13 circunscrições (regiões), com cerca de 1 milhão de votos, e em cada uma seriam eleitos quatro deputados pelo sistema proporcional atual. O financiamento seria privado, mas não ao indivíduo, e sim ao partido, que deveria distribuir pelo menos metade do total arrecadado igualmente, para equalizar oportunidades. Essa ideia cria mais vínculo entre eleitos e eleitor, barateia a campanha, dá mais transparência e avança no fortalecimento da solidariedade partidária.
Mas os pequenos e os médios partidos são contra. Resumo da ópera: o estado da arte é um impasse certo que poderá resultar na continuidade de tudo como está, embora todos concordem que é preciso mudar.
(*) Marcus Pestana é deputado federal pelo PSDB-MG. Artigo publicado no jornal “O Tempo” em 03/10/2011. E-mail: contato@marcuspestana.com.br (Foto: Orlando Brito)


UM MILHÃO DE PESSOAS NA AVENIDA
 
PAULISTA  

Mutirão Virtuall

Só Deus poderá nos ajudar a evitar um agravamento da questão político-social.

Um milhão de pessoas na Avenida Paulista (ainda sem data marcada)  pela demissão de toda a classe política... quando um empregado não atende aos requisitos do seu emprego, ele é demitido !

Este e-mail vai circular hoje e será lido por centenas de milhares de pessoas, milhões.
A guerra contra o mau político, e contra a degradação da nação está começando.
Em qualquer organização ou empresa, você trabalhador, sabe que seu salário, seu emprego, depende do seu esforço, do seu desempenho. Porque não pode ser assim também com os empregados públicos ? Porque nossos políticos e funcionários públicos agem como "patrões públicos" e não como servidores públicos que é a função para qual foram eleitos ou escolhidos ?
Não subestimem o povo que começa a ter conhecimento do que nos tem acontecido, do porquê de chegar ao ponto de ter de cortar na comida dos próprios filhos ! Estamos de olhos bem abertos e dispostos a fazer tudo o que for preciso, para mudar o rumo destes abusos.

Todos os ''governantes'' do Brasil até aqui, falaram em cortes de despesas - mas não das suas despesas. Querem o aumento dos impostos como se já não fôssemos o campeão mundial em impostos.
Nenhum governante fala em:

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, assessores, suportes burocráticos, carros, motoristas, 14º e 15º salários etc.) ;

2. Redução do número de deputados da Câmara Federal, e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países sérios. Acabar com as mordomias na Câmara, Senado e Ministérios, como almoços regados a vinho e outras libações, tudo à custa do povo;

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego;

4. Acabar com autarquias Municipais, com Administradores auferindo milhares de reais/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Acabar com o Senado e com as Câmara Estaduais, que só servem aos seus membros e aos seus familiares. O que é que faz mesmo uma Assembleia Legislativa (Câmara Estadual) ?

6. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê?

7. Redução drástica das Câmaras Municipais e das Assembléias Estaduais, se não for possível acabar com elas.
8. Acabar com o financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados; Aliás, 2 partidos apenas como os EUA e outros países adiantados, seria mais que suficiente.

9. Acabar com a distribuição de carros a presidentes, assessores, etc.., das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em viagens particulares pelo País;

10. Acabar com os motoristas particulares que servem suas excelências, filhos e famílias e até, as ex-famílias...

11. Acabar com a renovação automática de frotas de carros do Estado;

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.;

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados e respectivas estadias em  em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes;

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós que nunca estão no local de trabalho). HÁ QUADROS QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS, EM SUAS CASAS, A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES....;

15. Regularizar as administrações de hospitais públicos que estão servindo para garantir apadrinhados do poder - há hospitais de cidades com mais administradores que profissionais de saúde... pertencentes às oligarquias locais do partido no poder...

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo;

17. Acabar com as aposentadorias múltiplas por pessoa, que passaram fugazmente pelo LEGISLATIVO.

18. Exigir a devolução dos milhões dos empréstimos compulsórios confiscados dos contribuintes, e pagamento IMEDIATO DOS PRECATÓRIOS judiciais;

19. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os ladrões que fizeram fortunas e adquiriram patrimônios de forma indevida e à custa do contribuinte;

20. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efetivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis feitas sob medida;

21. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas por um período mínimo de cinco anos.

22. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu patrimônio antes e depois.

23. Pôr os Bancos a pagar impostos e, a atender a todos nos horários do comércio e da indústria.

24. Proibir repasses de verbas para todas e quaisquer ONGs.

25. Fazer uma devassa nas contas do MST e similares, bem como no PT (Partido dos Trambiqueiros) e demais partidos políticos.
26. REVER imediatamente a situação de privilégio dos Aposentados Federais, Estaduais e Municipais, que vivem às custas dos brasileiros trabalhadores.
27. REVER as indenizações milionárias pagas indevidamente aos "perseguidos políticos" (guerrilheiros).
28. AUDITORIA sobre o perdão de dívidas que o Brasil concedeu a outros países.

29. Acabar com as mordomias  (que são abusivas) da aposentadoria dos Presidentes da República, após um mandato de 4 anos. Nós, trabalhadores, temos que suar por 35 anos e não temos direito a carro, combustível, segurança ,etc.
30. Acabar com o direito do prisioneiro receber mais do que o salário mínimo por filho menor, e, se ele morrer, ainda fica esse beneficio para a família.  O prisioneiro deve trabalhar para receber algum benefício, e deveria indenizar a família que ele prejudicou.

Ao povo consciente, pede-se o reencaminhamento deste e-mail.


''O QUE ME INCOMODA NÃO É O GRITO DOS MAUS, E SIM, O SILÊNCIO DOS BONS'' (Martin Luther King)
 
 OBS.
...o clima lembra o período que antecedeu a revolução francesa. O terceiro estado clama por justiça.

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SOBRE AS NOTÍCIAS TENDENCIOSAS NO CASO TONI BERNARDO


Waldir Bertúlio

Olá Weller Marcos, Bom Alerta!
O Toni é da Guiné Bissau, e foi assassinado exatamente dois dias antes do Dia da LIbertação deste País, com tantos heróis e mártires.Consideramos fundamental a denúncia e repercussão nacional e internacional, que caminhou rápidamente, até porque, SABÍAMOS DE ANTEMÃO QUE A MOVIMENTAÇÃO SERIA DE TENTAR ABAFAR O ASSUNTO, POR MUITOS MOTIVOS.PORQUE A GRANDE IMPRENSA NÃO DIVULGA TÔDAS AS VERSÕES? DISSIMULAÇÃO EM TUDO! O ESTADO BRASILEIRO, IMPONDO ATÉ INDIRETAMENTE O SILÊNCIO,(VIDE ABERTURA DA CONFÊRENCIA DA ONU), uma Péssima repercussão, como tende a ser, pode prejudicar tanto , desde a briga intestina para obtenção da cadeira na ONU. Aproveitando a presença da grande Maristela, além da sua, do brilhante artigo do nosso João Negrão, outros jornalistas com posições melhores sôbre o assunto, vou pontuar: 1- Considero essencial a liberdade de imprensa, e me incomoda alguns jornalistas sentirem-se ofendidos com as críticas SOBRE AS NOTÍCIAS TENDENCIOSAS NO CASO TONI BERNARDO. ORA, SABEMOS QUE MAIOR PARTE dos bons jornalistas gostariam de escrever a versão real, mínimamente, dar voz para as partes, no entanto a editoração é pautada, apesar da vontade da noticia real que os profissionais queiram. Penso que devemos considerar sempre em que mãos se encontra a imprensa, a que interesses servem em alguns momentos e tantos outros? Qual o peso do poder econômico e político? 2- entendo que reagir à violência racial è também colocar centralmente na arena o racismo nos meios de comunicação, um dos setores mais importantes para propagação do racismo, mais utilizados ( hoje mesmo, a fala inconsequente e irresponsável do ponto de vista da notícia do apresentador Walter Rabello dizendo que - “foram depredar o bar", diria eu, que abrigou o assassinato dentro das suas dependêncas, com a tortura sendo assistida de perto por todos os frequentadores, inclusive crianças! Mentira, estavamos muitos por lá,  no que a minha entidade, o MNU chama de reagir à violência racial e policial. foi um ato de paz e serenidade. Desconfiamos que quem jogou a bomba pode ter sido a própria polícia, não aquela que prendeu os assassinos -  (chamada por uma vizinha do bar) 3- Aliás, não podemos confiar em corregedoria de Polícia para polícia - (onde esta o contrôle externo?). O Ministério Público tem que ser o divisor de águas, no plano institucional. O que temos assistido é desde o primeiro momento, como neste caso, esforçar em desqualificar a vítima e reunir o maximo de argumentos em nome dos criminosos, sejam corruptos assassinos... 4- È possível uma imprensa independente ou pelo menos semiindependente? - Digo, que enfrentem as instituições e idéias que agem sobre a opressão e a repressão? Para mim, reagir à violência racial é contrapormo-nos às mais variadas formas em que o racismo se manifesta. Meus caros: acho que vou falar com a Keka Wernech, grande jornalista, está no âmbito sindical, que tal promovermos um debate? obrigado pela paciência , e bom resto de madrugada."
Comentado originalmente no Faceboock Waldir Bertúlio comentou a publicação no mural dele.
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POBRE!!!!!!

Anadalva Martins Toledo Resende

Vocês estão achando que são ricos????

 Não viram nadica de nada......rs.....

 A Lúcia Hipólito falou esta semana na CBN que, no Brasil, cada ministro do STF tem 256 funcionários, o STF tem 435 seguranças...rs.....mais que a casa branca...rs...e a bagatela de 359 recepcionistas......ahahaha....Viu como vc é pobre???? Pode pagar,  mensalmente, motorista, uma lavadeira, uma passadeira e uma cozinheira ?




Hope: propaganda de mau gosto
Carmen Hein de Campos1

A propaganda brasileira precisa mudar. As agências de publicidade responsáveis pela elaboração de propagandas precisam amadurecer e aprender a respeitar as mulheres. As supostas "brincadeiras" publicitárias que utilizam o corpo feminino para vender produtos, como na recente propaganda da Hope, reforçam estereótipos de que as mulheres brasileiras são tão infantis que precisam ser "ensinadas" a lidar com questões cotidianas desagradáveis e a forma de lidar com isso é "tirando a roupa".

A mesmice ofensiva da propaganda brasileira às mulheres recentemente recebeu repúdio internacional. A agência brasileira Moma, que ganhou o Leão de Prata em Cannes(30/06) com uma propaganda sobre o ar condicionado dual zone de automóveis fabricados pela Kia Motors foi considerada pedófila por profissionais do ramo e veículos de comunicação estrangeiros. Na propaganda, em que duas peças criadas são colocadas lado a lado, há um diálogo entre um professor e uma aluna, aparentemente cursando o ensino fundamental. "Professor, obrigada por ficar até mais tarde comigo hoje", diz a garota. Na outra peça, a menina dá lugar a uma garota mais velha e atraente e o professor, folgando a gravata, responde: "Que isso...é um prazer". Após a garotinha oferecer uma maçã, o professor (na primeira peça) morde a fruta exclamando "hmmm...que delícia...como é suculenta". A propaganda termina com o professor sugerindo começarem a lição, enquanto do lado direito a mulher diz "que tal...anatomia?". A reação à peça publicitária foi tão forte que a Kia Motors distribuiu nota dizendo que a propaganda não seria veiculada porque não expressava a opinião da Kia Motors. Críticos disseram que a propaganda só venceu porque o júri era formado exclusivamente por homens.

Na sexista propaganda da Hope uma mulher infantilizada e dependente (representada por Gisele Bundchen) é "ensinada" que, para tratar com marido sobre o fato de ter batido o carro, ou excedido o cartão de crédito, a melhor forma é ficar de calcinha e sutiã.

A agência de publicidade Giovanni+Draftfcb talvez não esteja informada que as mulheres representam hoje mais de 30% das chefias de famílias, são trabalhadoras, profissionais liberais, empresárias e servidoras públicas, etc, que pagam suas contas, criam seus filhos e têm estabelecido relações domésticas cada vez mais igualitárias e solidárias com seus companheiros.

Retirar do ar a propaganda é uma demonstração de respeito às mulheres e reconhecimento que mais não suportamos ser tratadas como objetos ou estereotipadas em comerciais. As mulheres brasileiras elegeram a primeira Presidenta do país, que fez história ao abrir, pela primeira vez, uma reunião das Nações Unidas discursando sobre a igualdade de gênero e questões sérias vivenciadas pelos povos no mundo.

As agências publicitárias precisam crescer e aprender com o exemplo de maturidade e cidadania que as mulheres brasileiras vêm oferecendo ao país. E tudo isso, sem precisar tirar a roupa como pretende "ensinar" a Hope.
______________________________________
1 Coordenadora Nacional do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher - CLADEM/Brasil.
AS DUAS MORTES DE TONI ,  

              guineense assassinado em Cuiabá

especial para o Maria Frô - 26/09/2011

       João Negrão 

                                                                Tony Bernardo da Silva

Quarta-feira, 21 de setembro de 2011, 19 horas, em Jackson, capital do estado da Geórgia, Estados Unidos, Troy Davis, um negro de 42 anos, recebeu a dose letal que o levaria à morte. Condenado por assassinato, Troy Davis deitou-se na maca para receber as injeções repetindo a mesma frase de 22 anos antes, quando foi preso e condenado: “Sou inocente”.
Quinta-feira, 22 de setembro de 2011, por volta das 23 horas, em Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Brasil, Tony Bernardo da Silva, um negro de 27 anos, africano de Guiné-Bissau, estudante de Economia da Universidade Federal, recebeu um pontapé na traquéia e morreu. O golpe culmina uma sessão de socos e pontapés desferidos por dois policiais e um empresário que duraria em torno de 15 minutos.
Impossível não traçar um paralelo entre as duas mortes.
A primeira foi uma condenação legal, nos moldes da justiça norte-americana, que todos conhecemos, empenhada a condenar negros, ainda que, como é o caso de Troy, haja evidências de inocência. Inclusive depoimento de outro preso assumindo a autoria do crime atribuído a ele. Em vão: Troy não recebeu perdão, não teve a clemência do governador da Geórgia e muito menos direito a recurso na Suprema Corte, dado às evidências de sua inocência.
Difícil não imaginar que se trata de mais um caso de racismo como os que pontuam a crueldade do sistema jurídico e a sociedade racista dos Estados Unidos, especialmente nos estados sulistas como a Geórgia.
Como é difícil não suspeitar que o caso do Toni foi uma expressão pura e cabal de racismo.
Uma condenação prévia: um negro que adentra a uma pizzaria freqüentada por rapagões e moçoilas de classe média alta de Cuiabá, num bairro idem, embora predominantemente de repúblicas estudantis (o Boa Esperança fica ao lado do campus da UFMT) é um bandido. E ainda mais se este negro acidentalmente esbarra na namorada de um desses fregueses.
Afinal, aquele não é um lugar para negros. Pior ainda. Que atrevimento! Um negro que deveria estar na senzala não pode adentrar a uma casa grande dos pequenos burgueses e tocar a mulher branca do sinhozinho.
Então, eis seu crime. E está decretada a pena de morte. Não se sabe se os policiais e o empresário (sinhozinho) estavam armados. Se estivessem teriam desferido vários tiros?  Tenho dúvida. Não sei se não preferiram mesmo usar como instrumentos de execução os socos e pontapés. Afinal, esta na moda uma das marcas da intolerância: matar a porradas negros, homossexuais e todos que esses “bad boys” não toleram por serem diferentes deles, supostamente bem nascidos, bem nutridos e crentes da impunidade. E com um ingrediente macabro: eles se divertem.  E não raras vezes filmam e jogam em suas redes sociais.
Seguindo o mesmo “modelito” que a imprensa em geral aplica a esses casos, todos ciosos a dar voz e vez aos assassinos da elite, tentam desqualificar o morto. Versões diversas surgem por todos lados dando conta que ele tinha passagens pela polícia, era drogado, perdeu a vaga no convênio da UFMT e outras informações nefastas. Como sempre trabalham com meias-verdades, com deturpações dos fatos e a omissão de outros.
Essas versões são disseminadas por advogados e familiares dos assassinos, que encontram voz em veículos de comunicação que, deliberadamente ou não, as propagam sem questionar o contexto da vida do Toni e os depoimentos de amigos, colegas e ex-namorada, todos, unanimemente, testemunhando sua conduta passível e respeitadora.
É compreensível que os advogados e familiares tomem tal atitude. Mas não justifica a postura dos representantes da Universidade Federal de Mato Grosso, que qualificaram o Toni como um indivíduo de má conduta.
O setor da UFMT responsável pelo convênio entre o governo brasileiro e os governos dos países africanos de língua portuguesa, que permitem jovens daqueles países estudarem no Brasil, sempre foi omisso e racista com esses estudantes. Poderia desfilar aqui uma série de descasos, dificuldades criadas e declarações preconceituosas. Não é o caso agora.
Por enquanto fica o registro de que o Toni sempre buscou desesperadamente lutar contra o vício do crack e encontrou pouco apoio na UFMT. Seus amigos se mobilizaram, igualmente seus colegas e professores. Mas a instituição se agarrou na burocracia. Por ele não conseguir mais freqüentar as aulas, o desligaram do convênio, pura e simplesmente. E ficou por isso. Contudo não pouparam declarações cruéis, insensíveis e até irresponsáveis na imprensa.
Esta é a mesma instituição que ignora que drogas como o crack estão se proliferando dentro e na periferia do campus da UFMT do Boa Esperança. Foi ali mesmo que o Toni se viciou. Nas imediações da república em que ele morava, assim como nos corredores da UFMT, a droga e traficantes transitam livremente. Que providência a instituição tem tomado acerca disso? Prefere tapar os olhos e ajudar a condenar seus jovens alunos.
Foi-se o tempo em que o romantismo e a rebeldia de fumar um baseado faziam parte do cotidiano universitário. Agora o ambiente universitário é um dos mercados de drogas pesadas, assim como seu entorno. E a tragédia do crack, a pior delas, bate à porta de todos nós. Meus amigos e colegas, muitos deles vivendo esse drama familiar, sabem do que estou dizendo. Acompanhei esses dramas quando morava ainda em Cuiabá.
Eu mesmo o vivo bem de perto. Tenho um irmão que vive a perambular pelas ruas de Goiânia se consumindo pelo crack. Gilmar, um dos sete filhos adotivos de minha mãe, era um rapaz trabalhador desde criança. Estudou, casou, formou família. Suas três filhas e esposa não agüentaram viver aquela tragédia e o abandonaram. Desde então passou a viver nas cracolândias do bairro Vila Nova, na capital de Goiás.
Minha mãe, já com seus 74 anos e morando agora em Goiânia, acompanha seu infortúnio e, dentro de suas limitações, nos mobiliza a todos para tentar salvá-lo.
O Toni tentou sobreviver. Poucos meses antes de voltar para Brasília, o recebi na minha casa, a qual ele freqüentava com os demais estudantes guineenses. Minha mulher era amiga dele, chegaram de Guiné-Bissau juntos. Ele para curso Economia e ela, Publicidade. Éramos capazes de deixar nossa casa aberta para ele, junto com meus filhos. O Toni não era um bandido. Repito: era uma pessoa amável e respeitadora.
Naquela tarde fria de julho e Cuiabá melancólica devido à carência de seu sol escaldante, o Toni chegou desesperado. Primeiro pediu dinheiro emprestado. Depois, muito envergonhado, chorou no nosso colo. Pediu ajuda, implorou para que afastássemos aquela sua vontade incontrolável de querer consumir a droga. Então começamos a mobilizar os amigos, colegas e seus professores. Ele necessitava de tratamento para poder concluir os estudos e voltar para o seu país.
Dois meses depois voltei para Brasília. Mas acompanhamos daqui a vida do Toni. Ficamos sabendo que ele havia ido para o tratamento. Depois fomos informados que havia vendido tudo que tinha e foi obrigado a entregar toda a sua bolsa de estudos para os traficantes. Quando perdeu a bolsa, foi para a rua mendigar. Foi num desses momentos que entrou na pizzaria naquela noite do dia 22 de setembro.
O Toni é filho de uma família de classe média alta em Guiné-Bissau. Seu pai é agrônomo e possui uma pequena fazenda. Idealista, sempre quis que os filhos tivessem boa formação para ajudarem no desenvolvimento do país. Tem irmãos que estudam ou estudaram na França, Inglaterra e Portugal. Parte da família fez carreira nas forças armadas, onde um tio seu é um dos comandantes.
Certa vez o Toni foi flagrado pela polícia em Cuiabá carregando um botijão de gás que ganhou de um dos colegas, pois o seu ele havia vendido para comprar crack. A polícia o abordou, o levou preso, apesar de afirmar que o objeto era dele. Passou o dia inteiro na delegacia, jogado numa sala e só saiu de lá depois que acionou a Polícia Federal, jurisdição da qual estão os estudantes africanos.
Aqui abro um parêntese. Não foram poucas as vezes que a UFMT acionou a Polícia Federal para perseguir os estudantes africanos que, por um motivo ou outro, não estavam freqüentando aulas ou haviam formado e ainda estavam no Brasil tentando pós-graduações ou empregos.
Setores da imprensa de Cuiabá, motivados por advogados e familiares dos assassinos, utilizam este caso do botijão, entre outros sem gravidade, para propagar que o Toni tinha passagens pela polícia. Como se a tal “passagem” fosse uma sentença de morte.
Antes de continuar, peço licença para contar duas histórias:
Em 1980, um rapaz que faria 20 anos dali a poucas semanas, cursava Agrimensura na antiga Escola Técnica Federal de Goiás e fazia estágio numa cidade a 20 quilômetros de Goiânia. Numa tarde, como fazia todos os dias, entrou às 17 horas no ônibus que o levaria de volta para casa, quando dois policiais o abordaram, algemaram, jogaram no camburão e levaram para a delegacia. Lavraram um boletim e mal ouviram a versão do rapaz. Em seguida, para fazê-lo confessar que havia feito um assalto, os policiais deram-lhe tapas nos ouvidos, murros, beliscões no nariz, nas orelhas, cascudos e ameaçaram quebrar seus dedos com um alicate e queimá-lo com cigarros.
As sevícias duram até que um dos policiais sugeriu ao delegado que o rapaz fosse levado para que a vítima identificasse o assaltante. Àquela altura a cidade inteira já sabia da prisão. Ao chegar à casa da senhora assaltada, de onde foram levados um televisor, aparelho de som e uma bicicleta do filho, o carro da polícia encontrou uma multidão que queria linchar o “bandido”. Os policiais com dificuldade abriram um corredor para a mulher chegar até o carro. Quando ela olhou pelo pára-brisa foi logo dizendo: “Não, não é este. O ladrão é branco!”.
Em 2004, um homem de 44 anos foi abordado pela polícia próximo à sua casa. Estranhou o fato de os policiais o obrigarem a ficar ao lado da viatura, longe do seu carro. Então um dos policiais faz uma rápida revista e aparece com um revolver e um pacote do que seriam drogas. Imediatamente o homem protesta, denuncia a “plantação” e só não vai preso porque estava com a identificação de secretário-adjunto de Comunicação Social do governo de Mato Grosso e ameaçou denunciar os policiais, que imediatamente fugiram do local.
O homem e o rapaz de 24 anos antes é a mesma pessoa: eu. Poderia aqui contar outras várias histórias de arbitrariedades e prisões às quais fui submetido.  Por ser negro, tido como ladrão, drogado e traficante, tive passagens pela polícia. Infelizmente aquela piadinha infame que de vez em quando ouvimos por aí  é de fato uma máxima entre policiais: “Preto parado é suspeito, correndo é ladrão”.
Quantas passagens pela polícia justificam uma morte?
Mereceria eu morrer por ter cometido o crime de ter nascido negro?
Mereceria eu morrer pelo crime de provocar aos policiais a sanha assassina de quem ainda nos vê como escravos, como sub-raça, como seres desprezíveis?
Mereceria eu morrer porque há cinco séculos retiraram meus antepassados da África, jogaram num navio negreiro, atravessaram o Atlântico, os leiloaram, os submeteram a ferro e fogo, os jogaram nos canaviais, minas e fazendas, os subjugaram nas senzalas, colocaram no pelourinho, humilharam, sugaram seus sangues e suores, para depois, com a abolição, os jogarem as ruas como se fossem animais, sem direito a dignidade?
Deveria eu morrer por ser filho de Clarice Laura e José Orozimbo, neto de José e Regina e de Josefa e Pedro Alves, por sua vez netos e filhos de escravos?
Este é meu crime?
Por favor, se é este o meu crime, então que me matem! Mas me matem apenas uma vez. Não façam como estão fazendo com o Toni.
Depois de ser trucidado pelos “bad boys da intolerância”,  Toni corre o risco de ser massacrado, pisoteado, sangrando até a última gota da sua dignidade.
PS: O corpo do Toni ainda está no IML de Cuiabá aguardando resultados de exames pedidos pelo delegado que acompanha o caso e a chegada da família para liberá-lo.

Dona Cecília, mãe dele, me informou que um de suas irmãs, que é arquiteta na França, deve vir ao Brasil.

A Embaixada de Guiné-Bissau em Brasília também está acompanhando o caso e prestando apoio à família.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, já se manifestou, repudiando o crime e pedindo desculpas à família e aos guineenses.
Amigos e compatriotas do Toni estão se mobilizando em Cuiabá e aqui em Brasília, denunciando o assassinato e pedido para que seja tipificado como motivado por racismo.

                                                          " Impostômetro"

   

                                                                  Luciano Pires

A Associação Comercial de São Paulo instalou no centro financeiro da cidade um grande placar luminoso chamado Impostômetro. O placar mostra em tempo real a quantidade de dinheiro arrecadada em impostos no país. No dia 13 de setembro de 2011 chegou à marca de R$ 1 trilhão no ano. Quer ver quanto é um trilhão? É isto: R$ 1.000.000.000.000,00...
A marca foi atingida 35 dias mais cedo que em 2010, indicando aumento de velocidade na arrecadação. Estimativas calculam que o brasileiro trabalha cerca de 150 dias por ano apenas para pagar impostos.
Um material que circula pela internet, chamado CARREGANDO O ELEFANTE, tem um raciocínio interessante logo na abertura:
Digamos que você receba de salário R$ 5 mil por mês. Impostos como o de Renda e o INSS, levarão 35% para o governo. Restarão R$ 3.250,00 que você usará para comprar os produtos e serviços que precisa e sobre os quais tornará a pagar impostos. O IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário elaborou uma tabela mostrando quanto pagamos de impostos quando compramos alguns produtos. É bom saber:
Produtos alimentícios básicos: Carne bovina, 18,63%. Frango, 17,91%. Peixe, 18,02%. Sal, 29,48%. Trigo, 34,47%. Arroz, 18%. Óleo de soja, 37,18%. Farinha, 34,47%. Feijão, 18%. Café, 36,52%. Açúcar, 40,4%. Leite, 33,63%. Macarrão, 35,20%. Biscoito, 38%.
Passagens aéreas,  8,65%. Transporte rodoviário interestadual de passageiros, 16,65%; transporte urbano, 22,98%. Medicamentos, 36%. Conta de água,  29,83%. Conta de luz, 45,81%. Conta de telefone, 47,87%. Cigarro, 81,68%. Gasolina, 57,03%. Achocolatado, 37,84%. Ovos, 21,79%. Frutas, 22,98%. Detergente, 40,50%. Sabão em pó, 42,27%. Desinfetante, 37,84%. Água sanitária, 37,84%. Sabonete, 42%. Shampoo, 52,35%. Condicionador, 47,01%. Desodorante, 47,25%. Aparelho de barbear, 41,98%. Papel Higiênico, 50%. Pasta de dentes, 42,00%.
Material escolar. Caneta, 48,69%. Lápis, 36,19%. Borracha, 44,39%. Papel sulfite, 38,97%. Mochilas, 40,82%. Régua, 45,85%. Pincel, 36,90%.
Bebidas. Água, 45,11%. Cerveja, 56%. Cachaça, 83,07%. Refrigerante, 47%. 
Digamos que você precise de R$ 2.000,00 para cobrir esses gastos básicos. Desse valor, em média 40% serão impostos: R$ 800,00.  Os produtos e serviços propriamente consumirão R$ 1.200,00. Daqueles R$ 3.250,00 restaram R$ 1.250,00...
É desse dinheiro que você terá que tirar escola, saúde, transporte e outros serviços que o governo deveria entregar em troca dos impostos pagos, mas que não entrega ou entrega com um nível de qualidade horroroso, obrigando você a buscar em outras fontes por sua conta. Em média, você gastará mais R$ 1.200,00.
Resumindo: dos R$ 5.000,00 que você recebeu pelo seu trabalho, R$ 2.550,00 foram para Impostos, R$ 1.200,00 para serviços que o governo deveria proporcionar, R$ 1.200,0
0 em produtos e serviços que você precisa para viver e R$ 50,00 restaram para você torrar com mulheres, bebidas e jogo.
Mas aguarde. Vem aí uma nova CPMF.
Como anda seu impostrômetro?
  Mais Sobre o escritor do artigo: Luciano Pires
Luciano Pires é um profissional de Comunicação (começou como cartunista, escritor, radialista e podcaster) que por 26 anos foi executivo de marketing (12 dos quais na função de diretor) de uma multinacional de autopeças. Em 1993 começou a realizar palestras e já atendeu centenas de empresas pelo Brasil, como Petrobras, Vale, ABN, VW, Itaú, Unilever com suas provocativas abordagens do jeito brasileiros de administrar negócios.
É editor do portal Café Brasil que hoje possuí um dos podcasts (programa em áudio distribuído pela internet) mais importantes do país, com uma média de 120 mil downloads/mês. Este ano há previsão de que ultrapassará o número de 1,4 milhões de downloads.



EU  APOIO ESTA TROCA


Paulo Schafer Junior

"No  futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do  mundo e todos estão  tristes. 
 Na  educação é o 85º e ninguém  reclama..."
   
                              EU  APOIO ESTA TROCA

   
TROQUE  01 PARLAMENTAR POR 344  PROFESSORES  
Paulo Schafer Junior.'.

O  salário de 344 professores que ensinam  =  ao  de 1 parlamentar que rouba
  
 Essa  é uma campanha que  vale a pena! 
  
Repasso  com solidária revolta! 

Prezado  amigo Weller Marcos!

Sou  professor de Física, de ensino médio de uma  escola pública em uma cidade do interior da  Bahia e gostaria de expor a você o  meu  salário bruto mensal:  R$650,00 
 
 Eu  fico com vergonha até de dizer, mas meu salário  é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais  que outros colegas de profissão que não possuem  um curso superior como eu e recebem minguados  R$440,00. Será que alguém acha que, com um  salário assim, a rede de ensino poderá contar  com professores competentes e dispostos a  ensinar? Não querendo generalizar, pois ainda  existem bons professores lecionando, atualmente  a regra é essa: O professor faz de conta que dá  aula, o aluno faz de conta que aprende, o  Governo faz de conta que paga e a escola aprova  o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura  verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou um  idealista e atualmente vejo a profissão como um  trabalho social. Mas nessa semana, o soco que  tomei na boca do estomago do meu idealismo foi  duro!
Descobri que um  parlamentar brasileiro custa para o país R$10,2  milhões por ano...  São os parlamentares mais caros do mundo. O  minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte  R$11.545.
Na  Itália, são gastos com parlamentares R$3,9  milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões,  na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850  mil e na vizinha Argentina  R$1,3 milhões.

Trocando  em miúdos, um parlamentar custa ao país, por  baixo, 688 professores com curso superior  !

Diante  dos fatos, gostaria muito, amigo, que você  divulgasse minha campanha, na qual o lema  será:

'TROQUE  UM PARLAMENTAR POR 344  PROFESSORES'.

Coloque em seu site, repassar esta mensagem é  uma obrigação, é sinal de patriotismo, pois a vergonha que  atualmente impera em nossa política  está desmotivando o nosso povo e arruinando o nosso querido Brasil.
É o mínimo que  nós, patriotas, podemos fazer.

 Alto Paraíso – Goiás

Paulo Schafer Junior.'.

"A liderança é uma questão de inteligência, de confiabilidade, de coragem e de firmeza."
 

   BRT é solução rápida e eficiente para

desafogar o metrô

Célia Moreno                                                                                                                     

 

Integração com outros modais é necessária para que sistemas sobre trilhos funcionem com eficácia


O metrô de São Paulo tem atualmente uma rede de 70,6 quilômetros e registrou neste ano a maior demanda de sua história, proporcionalmente à população da capital. São quatro milhões de passageiros por dia, que representam 35% da população da cidade. Como a demanda cresce mais rapidamente do que a capacidade do metrô, o sistema registrou também a sua pior avaliação, de acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 7 de setembro.
Foi a primeira vez que menos da metade (47%) dos usuários avaliou o serviço como ótimo ou bom – 8% a menos do que na pesquisa de 2008. Os dados refletem a previsão de muitos especialistas em mobilidade urbana, que dão conta de que o metrô está prestes a ficar saturado, com muito público para pouco espaço. Para eles, é urgente que o poder público invista na construção de modais complementares ao metrô, e não somente em sua expansão, e em maneiras de aumentar seu público, como ocorre quando são ampliadas as integrações.
Uma alternativa importante que está sendo implantada em muitas capitais brasileiras, especialmente com investimentos da Copa do Mundo de 2014, é o BRT (do inglês Bus Rapid Transit). Trata-se de um sistema de transporte de ônibus em corredor exclusivo, segregado do trânsito comum. Somente no Rio de Janeiro, que também será sede dos Jogos Olímpicos em 2016, quatro grandes corredores BRT serão construídos - com os nomes de TransOeste, TransCarioca, TransOlímpica e TransBrasil -, somando 155 km de vias exclusivas para ônibus.
Segundo dados da Fundação Clinton de Desenvolvimento Internacional e do Instituto Jaime Lerner, a grande vantagem do BRT é que sua implantação é mais rápida e mais barata do que as opções sobre trilhos. O levantamento dessas instituições mostra que o metrô pode levar cerca de nove anos para ser implantado em um trecho de 10 quilômetros; VLTs, em torno de sete anos; e o BRT em torno de 2,5 anos para cobrir a mesma distância. Quando o aspecto é custo, as diferenças são assustadoras: a implantação do metrô implica em investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões por quilômetro, VLTs custam R$ 404 milhões, e BRT, R$ 11 milhões para o mesmo trecho.
Em São Paulo, um corredor nesses moldes liga o ABC à capital desde 1997. É o Corredor ABD, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), operado pela concessionária Metra. Com 33 quilômetros de extensão, o sistema funciona baseado na prioridade ao transporte de passageiros, de tal forma que até os semáforos que cruzam o corredor são sincronizados com a programação das linhas de ônibus. Pelas suas características de transporte rápido, o corredor registra uma média de 21 km/h nos horários de pico, velocidade bastante superior à média dos ônibus comuns, mesmo nas faixas “exclusivas”, mas não segregadas, que é de 11km/h.
O corredor paulista foi um dos locais visitados pelo secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, responsável pela implantação dos corredores que promoverão a ampla reformulação das formas de locomoção da população carioca, estimularão a racionalização do atual sistema de ônibus e darão maior agilidade aos deslocamentos das pessoas. "O corredor ABD impressiona pela eficiência conseguida, com simplicidade e foco na qualidade do serviço prestado ao usuário", disse o secretário.


  
A Bacia das Almas

                 Uma perversa simetria

ura Miller

Não é possível separar o sofrimento do 11 de setembro da cobertura de mídia que o cercou, porque a mídia foi o motivo pelo qual a atrocidade foi perpetrada. Essas mortes foram projetadas e desenhadas para a câmera, aprovisionando-a de todos os modos.

Por essa razão a cultura das imagens tem um relacionamento diverso com os ataques, que serviu como confirmação em pesadelo de sua má consciência. Houve uma perversa simetria no fato dos terroristas terem servido a destruição das torres a uma sociedade cujo entretenimento favorito consiste em assistir ao maior número possível de explosões gigantescas. O espetáculo foi ao mesmo tempo a visão mais terrível do mundo e exatamente o tipo de imagem que toda organização de notícias cobiça e todo espectador sintoniza para consumir.
   Contar histórias em casa:

A narrativa como memória familiar


                                                   
(*) Por José Ruy Lozano

A palavra “narrativa”é bastante conhecida. As pessoas de mais idade cresceram ouvindo seus pais e avós contando histó­rias e aprenderam a produzir narrativas na escola, principalmente nas séries ini­ciais. O universo dessa narrativa, no entanto, é pejorativamente associado às fábulas e aos contos maravilhosos, ligado necessariamente ao mundo da in­fância. No mundo dos adultos, informa-se, diz-se, descreve-se, opina-se, twitta-se, fofoca-se, mas muito pouco se narra. Na sociedade contemporânea em particular, o espaço da narrativa no meio familiar en­contra-se cada vez mais reduzido, sitiado pelo distanciamento e pelas novas mídias.
Para esclarecer a importância social de “contar histórias”e seu eventual desapare­cimento no mundo moderno, vamos tentar estabelecer um contraste entre passado e presente, a fim de descobrir a origem e os desdobramentos de muitos dos processos cuja trajetória vivenciamos hoje.
No mundo da tradição, anterior ao mundo moderno, a narrativa associava-se à experiência. O saber feito da experiên­cia do passado e da vivência do mundo se tornava fonte de histórias, passadas oralmente de geração em geração, ou, nos meios letrados, por meio da escrita. O discurso do narrador continha intenções educativas: os enredos guardavam ensina­mentos, justificavam provérbios ou susten­tavam conselhos.
O aconselhamento tradicional­mente se configurava como necessidade social: tratava-se da transmissão do saber adquirido pelos mais idosos e experientes ou por aqueles que retornavam ao lar, que vieram de longe e carregavam conheci­mentos inéditos. Ou mesmo pelos que ja­mais deixaram sua terra e sua gente, mas as conheciam como ninguém.
O narrador mostrava-se, assim, como portador de uma sabedoria especial. Mais que responder diretamente às perguntas, sugeria, por meio de suas histórias, pos­sibilidades de respostas construídas pelo conjunto de sua vida e do passado da co­munidade. À sua experiência mesclava a vivência dos outros, incluindo também em seus enredos o que ouviu ou leu.
Portanto, o aconselhamento elabo­rado internamente, na substância viva da vida, tinha o nome respeitável de sabedo­ria. Se a arte de contar histórias hoje está acabando, talvez a sabedoria esteja em processo de extinção. O mundo moderno preza “notícias”e não “narrativas”. Vivemos em um mundo em que a rapidez dominou nossa rotina, transformando o bate-papo e a troca de experiências sem utilidade objetiva em algo raro ou episódico.
Dessa forma, estamos cada vez mais privados de uma possibilidade que parecia estável e imprescindível: a possi­bilidade de trocar experiências. Adquiri­mos intensamente informações úteis a curto prazo e deixamos de lado o conhecimento experimentado ao longo do tempo. Nesse quadro, há pouco espaço para o encanta­mento. Todos os dias chega pelo noticiário uma enorme multiplicidade de fatos já acompanhados de explicações especiali­zadas.
Mas o encanto e a arte da narrativa estão em não haver explicações prévias. Eventos extraordinários podem ser narra­dos com grande exatidão, mas o contexto psicológico do enredo não é necessaria­mente explicitado ao leitor. A interpreta­ção é livre, e isso faz com que qualquer narrativa atinja sentidos que não existem na mera informação.
Os efeitos dessa configuração social que sufoca a narrativa são nefastos. O pri­meiro deles é a crise da atenção. Se nada é permanente, muito pouco deve ser regis­trado. Informações instantâneas têm dura­ção curta: o interesse por elas é passageiro ou conjuntural. Outro efeito é a diminuição da imaginação. Ela, paulatinamente, tem desaparecido das redações escolares, por exemplo. Quando um professor solicita uma narrativa, esta vem muitas vezes recheada de elementos da realidade mais cruel ou dura possível; o espaço do possível ou do imaginário é drasticamente reduzido, e a consequência disso é, cada vez mais, um enorme conformismo com a realidade que está posta. Não há outro mundo possível, só este, do presente, do agora, objetivo e &ld quo;real”.
Se a informação simplesmente re­produz a realidade, a narrativa pode ter o condão de transformá-la, por meio da imaginação de um mundo diferente, inusitado. Sem a imagi­nação, estaremos condenados a repetir o cotidiano indefinidamente, sem vislum­brar saídas ou respostas que transcendam a realidade impositiva.
E o desaparecimento da arte de con­tar histórias na família? Qual o papel da me­mória, do passado, dos mais velhos, na educação dos mais jovens? Devemos res­saltar que uma das funções da narrativa é produzir a lembrança, perpetuar o que foi, imprimir alguma marca duradoura no mundo. A simples existência não garante a preservação do que fomos ou pelo que passamos. A memória familiar só terá es­paço no futuro das crianças pelo cultivo das histórias dos mais velhos, dos antepas­sados, representativos do sentido da pre­sença e da inserção dos membros da família no mundo.
Além disso, o cultivo da narrativa em família engrandece de sentido o que vivemos, pois os fatos eventualmente nar­rados vêm atravessados pela experiência de quem os conta, o que os enriquece e os torna mais densos de significado. A narra­tiva conserva suas forças por muito tempo, permanecendo na lembrança muito além do dia em que foi produzida. Se quere­mos ensinar algo, o exemplo e a narrativa, portadora de saberes e plena de vivência coletiva –– de cultura, portanto ––, são os grandes veículos com os quais podemos contar.

José Ruy Lozano é professor do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, e licenciado em
 (*) ciências sociais e letras pela Universidade de São Paulo (USP) 


CARTA DE UM PROFESSOR 
Caro Weller  (PORTAL DE PERIÓDICOS ASSOCIADOS E JORNAL  A CRÍTICA) 

 
Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico.. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio.
Pois bem, olha só o que me aconteceu:estou eu dando aula para uma turma de segundo ano.
Era 21/06/11 e talvez pela entrada do inverno, resolveu também ir à aula uma daquelas alunas “turista” que aparece uma que outra vez para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos.
Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos. Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava bastante atenção de todos,toca o celular da menina,interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula.

Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender''e que o Colégio é um local onde se vai para estudar''.Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria com ela. Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas.
De casa, a mãe da menina ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretora da Escola.
Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!
Isso mesmo, tive que comparecer no dia 13/07/11 na oitava delegacia de polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimento por ter constrangido (?) uma adolescente (17 anos), ''que muito pouco frequenta a aula e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores''.
A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo. Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil. Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado.
Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com freqüência temas relacionados à educação, ''te peço que dediques umas linhas a respeito da violência contra o professor''.

              
PÍILULAS DE OPINIÃO
 VALMIR SALARO

O repórter policial da TV Globo, Valmir Salaro, fez uma mea culpa sobre a cobertura da imprensa em relação ao sistema prisional nesta segunda-feira (5/9), no Encontro Nacional do Começar de Novo, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Fiesp, em São Paulo. “Em 30 anos de carreira, fiz pouquíssimas matérias sobre a recuperação de presos”, disse.

Segundo o jornalista, a sociedade devia pressionar as empresas de comunicação a noticiar também os bons exemplos do sistema carcerário, como a reinserção social via mercado de trabalho e estudo, objeto do programa Começar de Novo, do CNJ. “Tenho de admitir que a imprensa cobre muito pouco e cobre mal essa questão por preconceito, por medo e falta de conhecimento sobre esse trabalho de reintegrar uma pessoa que já cumpriu sua pena e tem o direito, como qualquer um de nós, de trabalhar e sustentar sua família”, afirmou.
Segundo o jornalista, quando a polícia avisa à imprensa que prendeu um suspeito, já informa se o cidadão é reincidente. “Isso quando o repórter não pergunta antes”, afirmou. Para Salaro, essa informação muitas vezes orienta a elaboração da reportagem e acaba alimentando o preconceito contra quem já foi preso junto ao público. “Mostrar um suspeito na televisão é uma forma de condenação, moral, não penal. Assim a gente aplica uma segunda pena, o que dificulta essa pessoa de conseguir um emprego”, disse. 


NÍVEA STELMANN



A atriz
A atriz Nívea Stelmann resolveu postar uma foto em seu blog oficial mostrando o dedo médio. Nívea fez questão de deixar registrado sua indignação também com palavras. Confira o que ela postou:

"Às vezes é necessário EXCLUIR pessoas, APAGAR lembranças, JOGAR FORA o que nos machuca, ABANDONAR o que nos faz MAL, se LIBERTAR de coisas que nos PRENDEM, OLHAR para a frente e ENXERGAR a imensidão do caminho! Espere o MELHOR, e aceite o que vier... DESISTIR? Jamais! E saiba VALORIZAR quem AMA você REALMENTE, quem MERECE seu RESPEITO e quem valoriza seu trabalho...Quanto ao RESTO...Bom, ninguém precisa de RESTO para ser FELIZ!!!", opinou.

 


ANADALVA MARTINS


"Já que colocam fotos de gente morta nos maços de cigarros, por que não colocar também: de gente obesa em pacotes de batata frita, de animais torturados nos cosméticos de acidentes de trânsito, nas garrafas e latas de bebidas alcoólicas, de gente sem teto nas contas de água e luz,  e de políticos corruptos nas guias de recolhimento de impostos?"
Estou dizendo pelo riso que pode provocar, pois não queremos que ninguém pare de pagar os impostos.


"Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade."
Leonardo Da Vinci




 WILMA DA SILVA 
Naquela época o regime militar oprimia, mas havia mais felicidade. Hoje em dia quem oprime está nas ruas fumando crack, assaltando, roubando, sequestrando e toda lei liberal é para eles, Prender e soltar no outro dia, a liberdade é para os bandidos.
Quanta saudade ver vagabundo levando porrada.
Hoje, a lei ensina o adolescente a ser vagabundo.

                                
TRABALHO

 
  Narciso Machado

 
                                     É incrível a quantidade de e-mails que recebo reclamando do excesso de trabalho.
 Pesquisei textos de algumas personalidades que pensam exatamente o contrario: Truman Capote - Bob Dylan – Aristóteles - Howard Newton - Katherine Graham - Elbert Hubbard - provérbio judaico -Dalai Lama - David Bly - Elias R. Beadle - Henry Ford.
 Todas as pessoas têm disposição para trabalhar criativamente.
O que acontece é que a maioria jamais se dá conta disso. 
 Felicidade é ter o que fazer. Um homem é um sucesso se pula da cama de manhã, vai dormir à noite e, nesse meio tempo, faz o que gosta.
As pessoas esquecerão quão rápido você fez um trabalho, mas sempre lembrarão quão bem você o fez. Portanto nunca esqueça de que sucesso é fazer tudo certinho.
Gostar daquilo que você faz e sentir que é importante - o que pode ser ainda mais divertido.
 Uma máquina pode fazer o trabalho de cinqüenta pessoas comuns. Nenhuma máquina pode fazer o trabalho de uma pessoa extraordinária.
O trabalho mais duro que existe é não fazer nada.
É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.
Pensar é o trabalho mais pesado que existe e, talvez seja essa a razão para tão poucos se dedicarem a isso.
Querer ser bem sucedido sem trabalhar duro é como querer colher sem plantar.
Boa semana e bom trabalho.


            ASSEPSIA EM CINGAPURA
                              
         "UM RADICALISMO PARA REFLEXÃO"... OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS ???

 Anadalva Martins Toledo Resende


                   VOCÊ SABE PORQUE CINGAPURA É UM PAIS            EXEMPLAR ?
                                                         Lee Kuan Yew
Sr. Lee Kuan Yew assumiu  com mão de ferro o comando do país, e em seis meses, dos cerca de 500 mil presidiários sobraram somente 50. Todos os outros, criminosos confessos, foram fuzilados.
Todo homem público (político, policial, etc) corrupto foi fuzilado, pois existiam muitas provas contra eles.

Todos os empresários ladrões foram fuzilados ou fugiram rapido do país.
Aquela multidão de drogados que ficava dormindo nas ruas, fugiu desesperada para a Malásia, para não terem que trabalhar ou seriam fuzilados.
Tinha uma mensagem de televisão onde o novo governo avisava que o país estava com câncer e que a única solução era extirpá-lo, tipo "se algum parente seu foi extirpado, compreenda, ele era um câncer para a nação".
Depois de ter feito toda a limpeza no país, reorganizado o sistema político, judiciário e penal, esse militar convocou eleições diretas e se candidatou para presidente.
Venceu as eleições com 100% dos votos.
Hoje, Cingapura é um dos paises mais seguros de se morar. E um dos mais desenvolvidos, e mais seguros que os  Estados Unidos, Inglaterra, ou Israel.
Já no avião, a ficha de desembarque tem um "DEAD" (morte) bem grande em vermelho e a explicação da penalidade sobre o porte de drogas. Qualquer droga.
Com zero virgula nada de cocaína encontrada, o sujeito ou é sumariamente fuzilado, ou é condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados.
Um surfista brasileiro, tentou entrar em Cingapura com uma prancha de surf recheada de cocaína. Óbvio que ele determinou sua própria morte. E a mãe do jovem traficante apareceu na TV pedindo para o Lula interceder pelo filho. Não adiantou nada. Nem mãe, nem Lula, nem protestos evitaram o cumprimento da lei.
Nos hoteis, os "Guias da Cidade" tem uma página explicando que a polícia de Cingapura garante a integridade física de qualquer mulher 24 horas por dia  (isso porque na antiga Cingapura, sem lei e ordem, as mulheres que saíam
sozinhas eram estupradas e ou mortas) O chiclete é proibido em Cingapura, pelo simples fato de que, se jogados no chão sujam as calçadas da cidade. Distribuir panfletos, sem chance. Só em lojas e não devem ser entregues as pessoas, que, se os quiserem pegam-os em uma gôndola ou suporte. Jogar no chão então... dá multa cara.
Ano retrasado, a secretária local de um amigo, que estava fazendo um trabalho por lá, foi seguida pela polícia desde sua casa até o trabalho. Quando chegou no trabalho ligou a seta do carro para entrar no prédio, a polícia deu-lhe sinal para que ela parasse. Um dos policiais veio até a janela do seu carro e disse: "Como a Sra. sabe, estamos fazendo uma campanha de civilidade no trânsito. Multando os infratores e dando bônus a quem dirige corretamente. E a Sra., em todo o trajeto da sua casa até aqui, não cometeu nenhuma infração.  Parabéns! Aqui está um cheque de 100 dólares cingapurianos (equivalente a cerca de R$ 128,00) e pediria para a Sra. assinar o recibo, por favor. 
Pois é, pelo visto o Brasil tem SOLUÇÃO !!! Mas que a população diminuiria muito , não tenha dúvidas !!!
A missão essencial do homem do campo

 Edivaldo Del Grande

O Brasil tem pela frente um horizonte ainda mais positivo do que os dias atuais para a produção agrícola. Há anos, as commodities, principalmente as agrícolas, salvam nossas exportações e mantêm em alta a balança comercial brasileira. Um estudo divulgado recentemente pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) mostrou que, nos últimos 15 anos, a produção do agronegócio no país cresceu mais do que o PIB, garantindo o aumento do consumo interno e das exportações.

Na próxima década, o agronegócio vai ganhar ainda maior relevância conforme apontam os estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). As pesquisas projetam um período de alta das commodities agrícolas puxada pela demanda aquecida, principalmente dos nossos parceiros asiáticos. O aumento da população mundial e a melhora de renda impulsionam e diversificam o mercado internacional, e por sua vocação o Brasil vai ocupar lugar de destaque na oferta desses produtos e no combate à fome.

A produção de biocombustíveis é outro fator que impulsionará a agricultura. O tema é carregado de polêmicas com forte debate em encontros internacionais, seja pela eficiência do produto, seja pelo impacto que pode causar na produção de alimentos. A pesquisa da OCDE e FAO mostra que 30% da produção de cana, 15% de óleos vegetais e 13% de grãos devem ser transformados em etanol e biodiesel até 2020. Não há dúvida de que o pioneirismo brasileiro no uso de etanol como combustível deve ser um fator ainda mais preponderante da nossa liderança nesse setor.

Internamente, os benefícios também serão enormes. A evolução do agronegócio nacional colabora para oferecer trabalho e renda para milhões de brasileiros que estão no campo e outros milhões nas cidades. Colabora também para reforçar a fixação do homem no campo. A geração de riqueza que se vislumbra com essa nova etapa rural brasileira vai possibilitar que finalmente a renda chegue com mais força aos pequenos produtores rurais. Um time formado por milhares de corajosos trabalhadores que, aos poucos, vão lançando mão de novas tecnologias para tornar mais eficiente a produção agrícola. Um batalhão de pessoas que faz inveja pela ousadia, pelo trabalho duro no campo contra todas as adversidades inerentes de quem trabalha com a terra, responsável hoje por 70% da produção agropecuária do Brasil.

Foi da iniciativa dos pequenos agricultores que nasceram as grandes corporações, que fazem parte da história desse país. Organizadas em associações ou cooperativas, buscaram na união a força para financiar máquinas e equipamentos. Na época da colheita, revezam os seus tratores e compartilham silos para os seus produtos. Criaram escolas, abriram estradas e buscaram a eletrificação rural. Um trabalho danado, com o olho sempre voltado para o céu, na esperança de condições climáticas favoráveis para as colheitas.

Agora, é chegada a hora de o Brasil dar sua resposta. Para navegar no cenário positivo mundial que se anuncia precisamos resolver algumas pendências que travam o setor, como a falta de crédito, a infraestrutura precária e a insegurança jurídica para o agronegócio. A votação do novo Código Florestal, agora em debate no Senado, transforma-se em um instrumento que vai ditar o sucesso do setor no futuro e manter o país entre as principais nações produtoras de commodities agropecuárias. São medidas importantes para que o bravo produtor rural persista no propósito de se fixar no campo e investir cada vez mais para produzir melhor.

O pequeno agricultor dos locais mais distantes desse país talvez não saiba, mas ele faz parte daquele seleto grupo essencial para matar a fome de milhões de pessoas no mundo todo. Só desejamos caminho aberto para essa gente que tem importante missão no combate à fome mundial, o de construir sua merecida vida de prosperidade.

* Presidente da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)
                 

                           jornalismo murdochiano

                                                                       Emiliano José
Às vezes, num olhar rápido, penso que se desaprendeu de fazer jornalismo, especialmente quando olho para a revista Veja. Podíamos fazer uma extensa lista de matérias cheias de condicionais, de especulações, de mentiras, invencionices, muito distantes dos fatos. Matérias pautadas previamente para ser confirmadas, nada para ser verdadeiramente apurado. Mas, esse olhar rápido engana-se. Não se pode dizer que o que Veja faz seja jornalismo. Pelo menos aquele que a boa tradição manda – fidelidade aos fatos, apuração séria dos acontecimentos, cuidado com a diversidade das fontes, não noticiar nada que não esteja devidamente cercado, confirmado.
Aprendi tudo isso na escola, dei aulas dizendo isso, pratiquei sempre isso no jornalismo diário como repórter, pauteiro, editor, chefe de reportagem. Leio Mino Carta, que repete sempre a importância dos fatos como base do jornalismo minimamente honesto. Penso em Cláudio Abramo, a ética do marceneiro. Que se tome posição, não há problema. Mas que se respeite os fatos.
Veja é, tenho insistido, uma usina de ideias da extrema-direita latino-americana, e é claro que não tem vergonha disso. E reitero o que tenho dito: não haveria problemas se ela esposasse suas doutrinas direitistas, desde que deixasse claro editorialmente que essa é a linha dela e que tivesse o mínimo de critério jornalístico na produção de seu material semanal. Não diz que é de extrema-direita, como é óbvio, e não tem qualquer critério jornalístico, aquele mínimo, na elaboração de seu material – um material permanentemente editorializado, propagandístico, mentiroso, calunioso, ao menos quando o assunto é política.
Sua produção é profundamente partidarizada, no pior sentido da palavra, sem quaisquer observâncias técnicas, aquelas mais modernas, nascidas lá pelo final do século XIX. Ela não é capaz sequer de observar seu manual de redação, se é que ainda considera a existência dele.
Não é preciso uma pesquisa cuidadosa para perceber tudo o que estou dizendo. Um sobrevoo ligeiro, apenas utilizando-se da memória, indica uma multidão de matérias sem nenhuma consistência, cheias de poderia, seria, teria, sem o alicerce de fontes confiáveis, cheias de fontes mortas, pessoas mortas, que não podem testemunhar se o que a revista diz é verdade ou não. Ela vai aos cemitérios para tentar emprestar credibilidade ao seu material – parece incrível, mas é verdade, e não fez isso apenas uma vez.
Lembro-me, e pode ser que a memória falhe, de matéria que falava numa fantasiosa ajuda de Cuba ao PT em que usou um morto, e agora, mais recentemente, quando usou Orestes Quércia, que também já havia partido. Parece mentira, mas não é, que uma publicação jornalística valha-se desse  expediente para sustentar suas hipóteses, sua estranha mania de testar hipóteses independentemente do alicerce dos fatos. O jornalismo aqui anda a quilômetros de distância. A quilômetros de distância da revista Veja.
E agora ela extrapolou todos os limites na matéria que enseja a capa com o ex-ministro José Dirceu. Enseja? Não sei. Creio que a capa foi pensada antes, editada. E depois o editor pediu aos repórteres que saíssem para a cena do crime. E não tem exagero em chamar cena do crime. Foram ao hotel onde o ex-ministro se hospeda e cometeram uma série de crimes. Contra as leis do País, como se estivessem acima disso. Como se não tivessem que respeitar o Estado de Direito. Como se pudessem invadir a privacidade das pessoas sem a observância dos direitos constitucionais.
E não se trata aqui, registro, de apenas defender o ex-ministro, que merece a defesa porque ninguém merece ser agredido em seus direitos. Mas, sobretudo, defender os direitos de todos os cidadãos e cidadãs do País, que não podem estar submetidos aos caprichos de foras-da-lei, que se acreditam acima de tudo e de todos, tal que qual um Murdoch tupiniquim.
A matéria, em si, é um espetáculo de mediocridade jornalística, de inobservância daqueles critérios técnicos mínimos que a profissão reclama, cheia de especulações, sem a base factual indispensável, plena de pré-julgamentos, recheada de ilações que são feitas a partir das posições da revista e, como sempre, cheia de mentiras. Imaginar José Dirceu conspirando contra a presidenta Dilma só cabe na cabeça da revista Veja.
Os crimes vão da tentativa de invasão do quarto do ex-ministro e dirigente do PT até a instalação de câmeras para filmar os que entravam e saíam em visitas a José Dirceu. Curioso é a revista dizer que o José Dirceu vive num apartamento, que ela chama de bunker, que só sobe quem é autorizado. Ué, e onde é diferente? Será que as casas dos distintos editores e repórteres de Veja estão permanentemente abertas ao público, a quem quer que seja? Ou no mínimo, as pessoas têm que ser anunciadas? Não há a premissa legal de inviolabilidade de domicílio? Para a revista Veja, parece que não. Chega a parecer brincadeira, e não é. É coisa séria, própria do banditismo jornalístico à Murdoch, praticado por Veja. Não, a sociedade brasileira não pode cruzar os braços. Os jornalistas sérios não podem ficar indiferentes a isso. Os que prezam a democracia não podem aceitar esse tipo de prática. Isso pode ser tudo, menos jornalismo.
A atitude criminosa, ilegal de Veja foi tão escandalosa que acabou sendo, para ela, um tiro no pé. Tentava, com o panfleto mal costurado que produziu, provocar a quase sempre natural repercussão nos demais veículos, inclusive televisivos. Não houve quase nenhuma. Os demais órgãos de imprensa certamente ficaram temerosos, reticentes de se envolver em matéria tão criminosa e tão sem sustentação. A revista Veja, na tentativa de influenciar, quem sabe, no próximo, e nem sei se tão próximo, julgamento do processo em que o ex-ministro está incluído, resolveu escrever a arenga. Julgou-se esperta demais, apressou-se, e na linha de que os meios justificam os fins.
O povo costuma dizer que esperteza quando é demais vira bicho e come o dono. Tal e qual ocorreu com Veja, neste caso. Resta que não nos calemos, que não aceitemos esse tipo de prática, que repudiemos o crime, que lutemos por um jornalismo ético, fundado nos fatos. A história não se repete. Numa circunstância histórica, é tragédia: Murdoch. Noutra, farsa: Veja.
Emiliano José é jornalista, escritor,  doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia. www.emilianojose.com.br

O perigo da tentação
 de pertencer a um grupo 
De Bacia das Almas -

Goiabas Roubadas

Em geral as pessoas estão acostumadas a interagir em espaços proprietários (fechados), não em redes (abertas). Não estão abertas à interação com o que chamei de outro-imprevisível. Por isso fazem escolas, erigem igrejas, urdem corporações e partidos e servem à instituições hierárquicas (sejam sociais, estatais ou empresariais). E, às vezes, seu quadradinho é um espaço proprietário virtual, um blog ou uma página no Facebook.
Mesmo quando se aventuram a fazer redes, as pessoas, em geral, organizam grupos proprietários, estabelecem contextos que separam quem está dentro de quem está fora, criam sulcos que acabam disciplinando a interação por meio de regras (muitas vezes tácitas, mas não por isso menos efetivas), de um glossário próprio (pelo qual ressignificam os termos que usam recorrentemente gerando algum tipo de jargão) não importando para nada se esta “wikipédia” (ou “contextopedia”) privada está ou não publicada em um site aberto ou fechado; enfim, fazem tudo para promover o seu grupo – às vezes chamado de comunidade – à condição de instância mais estratégica do que as demais (os outros ambientes em que interagem, inclusive as mídias sociais onde se registram). Este é um dos motivos pelos quais sua interação nesses outros ambientes é, em geral, tão pouco intensa ou tão pouco frequente. Pudera! Seu tempo está tomado pelo seu próprio grupo (seja uma organização da sociedade formal ou informal, seja um órgão estatal, seja uma empresa).
E o mais interessante é que, muitas vezes, essas pessoas estão convencidas intelectualmente de que devem se organizar em rede. Não raro denominam de redes suas organizações hierárquicas ou seus grupos proprietários. Não estão – em sua maioria – mentindo ou fazendo propaganda enganosa. Elas acreditam mesmo que suas organizações sejam redes, desde que seus membros estejam convencidos (ou “tenham consciência”) de que agora entramos na era das redes (por algum motivo elas acham que consciência é algo capaz de determinar comportamentos coletivos).
Chega a ser fascinante observar como essas pessoas não conseguem viver fora do seu quadrado. E como racionalizam tal aprisionamento lançando mão das mais variadas teorias sociológicas sobre grupos (a sociologia vem aqui, não raro, como um socorro contra a política, como uma proteção contra a experiência direta de uma política não-autocrática). Ah! é difícil, como é difícil se atirar na correnteza quando é tão mais fácil construir diques e ficar boiando na tranquilidade da represa!
Pois bem. Tudo isso – que já foi dito e repisado, por mim e por outros, nos últimos dois anos – me leva agora a refletir sobre o seguinte: se quiserem realmente tecer redes as pessoas não devem se agregar a outras pessoas em grupos proprietários, comunidades exclusivas, inner circles, bunkers para se proteger do mundo exterior ou outras formas de organização constituídas na base do “cada um no seu quadrado”. Sim, pode parecer surpreendentemente contraditório, à primeira vista, dizer o que vou dizer agora:
Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo.
Se você se deixa capturar por um grupo ou se põe a capturar outras pessoas para um grupo (que seja considerado – ou funcione como, dá no mesmo – o seu grupo), então você terá imensas dificuldades de interagir em rede de modo mais distribuído do que centralizado. Se você quer, porque acha que precisa, porque sente, às vezes desesperadamente, a vontade de se juntar a outras pessoas para executar algum projeto coletivo, compartilhar com elas suas ideias, seus sonhos (e também suas ansiedades), somar esforços, apoiar e receber apoio praticando a ajuda-mútua dentro de um campo de cumplicidade, enfim, constituir um grupo e coesioná-lo a partir de uma visão comum, de um “falar a mesma língua”, de uma sintonia fina de sentimentos e emoções, então se prepare para fazer o mais difícil: matar essa vontade!
Simplesmente mate essa vontade. Se preciso, vá para o deserto e passe um tempo lá. Se você já está conectado a outras pessoas, por que diabos quer também forçar uma clusterização que selecionará a priori algumas conexões como mais fortes do que outras, alguns caminhos como mais válidos do que outros, alguns planos feitos intra muros (quer dizer, dentro daquele clusterzinho que foi urdido antes da interação) como mais estratégicos do que outros?
Não há qualquer problema em se reunir com muitos grupos para propósitos diversos, públicos ou privados, interagir em vários aglomerados, atuar coletivamente em várias instâncias. O problema só surge quando você faz tudo isso não a partir de você mesmo, mas sempre a partir de um grupo que encara os demais ambientes coletivos como campo de atuação (e uma atuação inevitavelmente tática, mesmo quando você proteste o contrário) desse grupo.
Trabalhar em rede distribuída é diferente de trabalhar num grupo proprietário, numa organização nuclear que compartilha uma visão comum e exige essa visão comum para continuar interagindo. Na verdade, o problema está na construção de mundos baseados na participação.
Portanto, se você quer experimentar redes (mais distribuídas do que centralizadas), nada de grupo participativo, nada de chegar a algum formato com base em participação. Redes não são ambientes de participação e sim de interação. Não temos que decidir o que todos farão em bloco. Vamos interagir e ver o que acontece. O formato final de qualquer ação coletiva será sempre uma combinação fractal, emergente, de certo modo inédita e imprevisível, das contribuições de cada um.
Em outras palavras, se você quer fazer redes não pode esquecer jamais uma coisa: você é uma pessoa. Paulo Brabo (2007), em um texto que não me canso de citar, escreveu assim:
A primeira coisa a fazer, se você ainda não fez, é desiludir-se por completo de todas as iniciativas comunitárias ou governamentais, por mais bem intencionadas que sejam, e raramente são. Esqueça, meu caro discípulo, o coletivo. A salvação não virá de ongs ou ogs, Gogues ou Magogues, poderes ou potestades. A salvação não virá de igrejas, assembleias, organizações de bairro, sindicatos, asilos, orfanatos ou campanhas de assistência. As ongs têm a tremenda virtude de não serem governamentais, mas contam com a imperdoável falha de serem organizações. Repita comigo: as instituições não existem. Só existem pessoas.
É claro que é necessário entender o contexto confessional (ou teologal) em que Brabo escreveu sua bela homilia herética e fixar-se nas suas mensagens centrais: desiluda-se por completo das iniciativas comunitárias, esqueça o coletivo, reconheça a imperdoável falha das organizações (aquela que deriva do fato de serem organizações) e convença-se de que as instituições não existem: só existem pessoas.
Fale como uma pessoa. Seja uma pessoa. Não aja como se fosse um grupo, um projeto, uma organização (nem mesmo tuite como se fosse uma coletividade abstrata). Uma pessoa jurídica é uma pessoa imaginária (ou seja, uma não-pessoa). A vida gastou 3,9 bilhões de anos e as coletividades humanas formadas pela convivência gastaram uns 300 mil anos para constituírem essa tão surpreendente quanto improvável realidade que somos (o humano, a pessoa: o encontro fortuito do simbionte natural em evolução com o simbionte social em prefiguração) e na hora em que vamos nos apresentar a alguém, sobretudo a alguma coletividade, temos vergonha de dizer que somos “apenas” uma pessoa e preferimos declarar que estamos representando alguma dessas organizações vagabundas que, em média, não conseguem sobreviver mais do que poucos anos e que, além de tudo, são não-humanas, quando não desumanas.
Mas… atenção! Pessoa não é o mesmo que a abstração chamada indivíduo. Redes sociais não são redes de indivíduos e sim de pessoas. O conjunto dos pensionistas do previdência social não constitui uma rede social, assim como não constitui uma rede social a população de um país. O social, como sempre dizemos, não é a coleção dos indivíduos e sim as configurações móveis geradas a partir do que ocorre entre eles (que, então, deixam de ser indivíduos para passar a ser pessoas). Quando interagimos, tornamos-nos pessoas. Assim, pessoa já é rede.
Se você não tem liberdade para interagir nos seus próprios termos, como uma pessoa, se você diz: “vou consultar primeiro meu chefe ou meus companheiros” antes de decidir sobre isso ou aquilo, então sua porção-borg cresce e sua porção-social diminui. Em outras palavras, sua porção-rebanho cresce e sua porção-pessoa diminui. Em outras palavras, ainda: você perde um pouco daquela qualidade da alma que chamamos de humanidade.
Se você se define como participante de qualquer grupo, quer dizer, restringe suas possibilidades de interagir para se enquadrar nos termos já estabelecidos por outrem (ou, até, por você mesmo, porém antes da interação), então você terá muitas dificuldades de entender, experimentar e atuar em rede (distribuída).
Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de fluzz, que vai gerando ordem a partir – e no ritmo – da interação. Em tal contexto é desnecessário, a rigor, combinar antes o script. É inútil – e frequentemente contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo.
Se você quer fazer redes, nada de formar uma comunidade que vá além do seu propósito específico e declarado (como se fosse um comunidade de destino). Não existe ‘a’ comunidade: existem múltiplas, diversas, comunidades. Se você acha que existe aquela comunidade que é ‘a’ comunidade (porque é “a sua”, a escolhida, a predestinável), é sinal de que você se deixou aprisionar por um grupo (às vezes uma prisão que você mesmo engendrou). E aí não vão tardar a surgir aquelas manifestações horríveis de pertencimento exclusivo, de fidelidade… Mesmo que você aceite o direto de uma pessoa de abandonar uma comunidade, isso não basta. É necessário aceitar o direito de uma pessoa de pertencer a várias comunidades ao mesmo tempo! Ou seja, é necessário desconstituir a cultura (ou quebrar a linha de transmissão de comportamento) do“cada um no seu quadrado”.
Você já notou que este direito não é reconhecido nas organizações hierárquicas, mesmo nas privadas, como os partidos e as empresas? Nas empresas esse direito só existe para os donos ou acionistas. Quando lhe pagam um salário, é como se dissessem: “comprei você e agora você é meu; nada de transar fora do meu quadrado”.
Se você quer fazer redes, nada de alinhar visões. Na maioria das organizações burocráticas, sejam sociais, empresariais ou governamentais, o tempo das pessoas é gasto em reuniões para alinhamento (ou seja, agrupamentos forçados para discutir como realizar melhor as diretivas estabelecidas por cima ou por fora da sua interação). Mal saem de uma reunião os “colaboradores” (um eufemismo empresarial para empregados, quer dizer, subordinados) já entram em outra reunião. E assim passam o dia: entre o computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões. Revela-se óbvio o motivo de tais reuniões: são ambientes de direcionamento voltados à reprodução de comportamentos, são campos de adestramento, são artifícios para proteger as pessoas da experiência de empreender, de criar, de inovar.
Se você quer fazer redes, nada de virar escola, nem mesmo escola de pensamento. As comunidades ditas de livre adesão, em sua maioria, são algum tipo de escola de pensamento, ou de igreja, ou de corporação, ou de partido, ou de alguma coisa que exija que você adote e professe uma visão coletivamente construída para pertencer ao grupo e poder falar em seu nome. Mas se você quer fazer redes, nada de criar coesões que separem os de dentro dos de fora.
Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali, na hora exata em que ocorre, bottom up.
Augusto de Franco, ministro e poeta da revolução descentralizada
           O que me faz lembrar o que o Ivan me disse outro dia:
       – Vocês anarquistas precisam se organizar!


                        BALANÇO DO BEM

                                 Mara Gabrilli 
Ao adentrar as entranhas do Congresso Nacional, me surpreendi com uma realidade diferente daquela que a sociedade está habituada a acompanhar pela mídia. Deflagrei em Brasília mais um sinal de que, realmente, não somos todos iguais. Apaixonada pela diversidade humana, deparei, ali na Câmara Federal, pasmem, com uma política do bem, feita por gente séria e dedicada para que o trabalho parlamentar seja exercido com toda a dignidade que o cargo nos compete. Hoje, há quase seis meses trabalhando duro como deputada federal, trago notícias boas, que enchem meu peito de esperança e me fazem, a cada dia, acreditar que temos, sim, reais chances de nos tornar uma nação mais inclusiva e humana. Exemplos para que eu siga esperançosa minha trajetória não faltam.
Recentemente, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, participou de audiência pública na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, da qual faço parte, e afirmou que a presidente, em consonância com as emendas protocoladas por mim ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), solicitou a garantia de dispositivos de acessibilidade ao projeto. Esse pedido, vindo da maior esfera do Poder Executivo, além de representar um grande avanço para a qualificação profissional das pessoas com deficiência, caso o projeto seja executado, mostra que, finalmente, nosso enorme contingente de pessoas com deficiência começa a fazer parte de maneira efetiva das políticas públicas do governo federal.
Ainda relacionado à educação do brasileiro com deficiência, protocolei emendas ao Plano Nacional de Educação, incluindo ao projeto itens que contemplam a acessibilidade no ensino regular. A ideia é conseguir, de fato, incluir de maneira digna o aluno com deficiência em todas as instituições do país – conquista que há tempos venho galgando em meu trabalho e que, também na Câmara Federal, rendeu-me a relatoria de um projeto que dispõe sobre o tratamento da dislexia e do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Mais um ponto para a educação que, acima de tudo, ensina o respeito à diversidade humana e as diferentes capacidades do ser humano. Temos muito a aprender, mas, aos poucos, nos tornaremos os melhores da sala.
Na área da saúde, me emociono ao falar de um projeto de lei, também protocolado recentemente, que dispõe sobre uma política de tratamento às pessoas com doenças neuromusculares – um PL que contou com a participação de vários representantes da causa para a sua elaboração, inclusive, por meio de um chat promovido em meu portal para esclarecer dúvidas sobre o assunto e ouvir sugestões para a melhoria do projeto – que, se aprovado, permitirá que pessoas com doenças, como a distrofia muscular e a esclerose lateral amiotrófica (ELA), tenham o direito a mais qualidade de vida.
E por falar em viver de uma maneira melhor, o Programa Minha Casa Minha Vida terá moradias acessíveis para o morador com deficiência. A alteração na medida provisória que define as regras do programa habitacional é fruto da atuação da Frente Parlamentar dos Direitos da Pessoa com Deficiência – criada em Brasília para discutir questões importantes relacionadas às políticas públicas para a população com deficiência.
A frente, que é presidida pela Rosinha da Adefal, que é cadeirante, e conta com a minha participação, a do Walter Tosta, que também tem deficiência, e a do Romário, incluiu dois itens importantes ao PL da minha Casa Minha Vida: o primeiro foi para que as famílias nas quais existam pessoas com deficiência tenham prioridade no cadastro do programa. A segunda modificação dispõe que, na ausência de legislação municipal ou estadual acerca das condições de acessibilidade, 3% das unidades habitacionais construídas sejam adaptadas às pessoas com deficiência. É acesso à dignidade.
Além de educação, saúde e moradia, continuamos nossa luta pela conscientização da população. Está em tramitação na Casa um projeto de minha autoria que altera o Código Brasileiro de Trânsito para que as vagas reservadas possam ser fiscalizadas em estabelecimentos privados. Pensamos também na acessibilidade que as lan houses devem contemplar para os usuários com deficiência, nos estádios, que deverão estar acessíveis para que todos os torcedores, independentemente de suas condições físicas, possam assistir aos jogos da Copa, das Olimpíadas e Paraolimpíadas, bem como os aeroportos, que devem estar acessíveis para atender, inclusive, turistas com deficiência que também participarão destes eventos.
Por fim e não menos importante, graças a uma articulação do Deputado Romário, conseguimos incluir na medida Provisória 529/11 um dispositivo que concilia o recebimento do Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC-Loas) com o salário do trabalho de aprendiz. Agora, o Ministério da Previdência Social está analisando uma minuta de decreto que permitirá também ao trabalhador com deficiência receber o benefício, sem ter de passar por nova avaliação, caso a experiência de emprego não dê certo.
E para consolidar este semestre de realizações, divido com vocês mais um passo dado por mim e minha equipe, que visando a transparência das contas públicas, protocolamos emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012, prevendo que o Poder Executivo divulgue na internet os salários dos servidores, bem como um indicador mensal das presenças de cada servidor, permitindo que você, cidadão brasileiro, cobre este e outros serviços dos órgãos oficiais.
Fecho este semestre de trabalho duro, orgulhosa por tantas conquistas importantes. Sinto que estamos realmente contribuindo para mudar diretamente a vida de muita gente. Este é meu sentimento por Brasília hoje. Este é o inicio de um trabalho que promete mudar o nosso futuro como o país da igualdade.
(*) Deputada federal pelo PSDB-SP. Artigo publicado no “Congresso em Foco” (www.congressoemfoco.com.br) em 27/07/11. Foto: Ag. Câmara








Até a Poliana já desconfia
Marli Gonçalves 
Alô! Seu mundo está cor-de-rosa? Os preços baixaram aí onde você está? Tem dinheiro sobrando para alguma coisa? Está conseguindo atingir suas metas e concretizar planos? Sente-se seguro?
Se você respondeu sim às questões acima, parabéns! Descobri. É você o ET que todo mundo anda procurando alucinadamente. Ou é a própria Poliana encarnada e ressuscitada no Brasil. Ou será uma cruza dos dois? A imagem que me ocorre é terrívelmente maledicente, a de um serzinho verde e rosa (puxou o pai e a mãe), vestido com a camisa de algum time de futebol, por causa da Copa, com um calção de seleção canarinho, todo contente porque vai ter Copa, e com um brochinho de estrelinha na lapela. Sexo embrionário, indefinido, e até liberado, tudo porque vai ter Copa. E Olimpíadas.


Otimista, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Seguro, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Pronto para enfrentar tudo e todos, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Certo de que vai dar tudo certo e que vai ficar rico, muito rico, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Pronto para o que der e vier, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Satisfeito sexualmente, porque vai ter Copa. E Olimpíadas. Rico de espírito, porque vai ter Copa. E Olimpíadas.
Aliás, pelo que estamos vendo aqui nos trópicos a coisa por causa disso está tão boa, mas tão boa, que nem é preciso mais jogar na loteria, nem trabalhar, suar camisa. A redenção já está na nossa porta. Há um desenvolvimento desenfreado no nosso país. Não existem mais pobres - está todo mundo trocando de classe social. Ninguém viaja mais de ônibus, só de avião. Todo mundo tem casa própria, carro, comida na mesa, que beleza. Acabou o racismo e o preconceito. Tem tanta liberdade de expressão - mas tanta - e somos tão livres, que podemos ver tudo, assistir até a filmes sérvios inteiros e completinhos, que a gente deixa esses tais Estados Unidos no chinelo nesse quesito Liberdade. Aliás, como é que pode essa gentinha americana ficar por aí pensando em dar calote em todo o mundo?
Coitados. Eles não vão ter Copa. E Olimpíadas.
Talvez sóóóó daqui a alguns anos vão saber como é viver em um país tão legal como o nosso. Um dia eles vão chegar no nosso estágio de desenvolvimento. Poderão até eleger uma presidente mulher. Tadinhos, tão atrasados! Nunca mais eles tiveram essa extrema oportunidade e honra, e quando foi lá não souberam aproveitar como nós. Mas sempre há esperanças. Quem sabe ainda não elegerão um operário? Talvez um metalúrgico, com enorme sabedoria e cultura. Vão saber o que é bom, como vão aprender. Esses caras não sabem nada. Eles não tem esse jeitinho maneiro que a gente tem; nem apreço pela própria história ( vai perguntar escalação de time lá, vai!). Gente! Eles não têm nem bola redonda! A bola deles é até meio oval, tão pernas-de-pau que são.
Eles não têm Copa, nem Olimpíadas.
Juros altos? Aqui não tem isso não. Inflação? Ué! Os preços estão subindo? Não vi não. Quem disse? Não sei não. Bolhas? Não. Não temos risco nenhum aqui no Brasil de nada disso acontecer. Corrupção? Qual é? Vai dizer que aqui, nesse paraíso, onde vai ter Copa (e Olimpíadas) tem disso? Tem não. Você não assiste tevê? Não está vendo como tudo está ma-ra-vi-lho-so?
Aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.
Seu calo está doendo? Seu sapato está apertado? Ora, relaxe. Vai ter Copa, e Olimpíadas. Seu patrão resolveu fechar a firma (quem sabe já foi comprar ingressos) e você foi posto no olho da rua? Não se preocupe. Como é que ainda não reparou nas zilhões de chances sendo abertas?
Ô, meu! Aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.
Está sentindo solidão? Não se preocupe. Vão vir tantos estrangeiros - gente linda, loura, gostosa, rica, cheia de amor para dar - para cá, que você logo vai encontrar seu par de meias, transar muito, interagir e variar. Ainda não ouviu dizer que há uma fila na porta do país, esperando, loucos para entrar aqui nesse paraíso? Como assim?
Ninguém te disse que eles já souberam de tudo? Que aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.


Aquecimento global é coisa do passado, gente. Está tudo dominado. Temos saneamento básico. Nossas crianças - todas - estão sendo educadas muito melhor do que naquele outro país... - como chama mesmo? Ah, Suiça! Nunca nossas indústrias produziram tanto, nunca exportamos tanto, nunca compramos tanto, nunca construímos tanto, nunca fomos tão lindos como agora. Vai ter Copa. E Olimpíadas.
Nossas estradas estão iguais a bundinhas de bebê de tão lisinhas. Nossas estradas são mesmo um orgulho nacional, igual aos nossos aeroportos e portos. Conseguimos nos livrar de todas as burocracias, de todos os cartórios, nem sabemos mais o que quer dizer papelada.
Ah, mais eu tenho uma novidade! Passamos a produzir papelão, como ninguém nunca dantes nesse Universo. Nossos papelões são melhores do que o dos outros. Sabe por que? Sabe por que?
Eu vou contar. Não aguento guardar segredo: é que aqui vai ter Copa. E Olimpíadas.


Nossa bandeira, soube, vai ser reformulada. No lugar das estrelas, bolinhas de futebol e outros símbolos de modalidades esportivas. No lugar da Ordem e Progresso, só uma plaquinha: "Ah, eu tô maluco!"
Seremos, pois, todos, de agora até 2016, lindas menininhas Poliana, e de Maria Chiquinha (para homenagear a Sandy, que resolveu botar a dela na janela). Tudo bem também todos os anos que vêm.
Vai ter Copa. Ah! E Olimpíadas!

São Paulo, onde será a abertura das Portas do Paraíso, 2011




(*) Marli Gonçalves é jornalista. Já começa a ter alergia até em ouvir falar em Copa. E em Olimpíadas. Se só assim conseguiremos melhorar o país, o que dizer? Poliana, nos salve!


Turismo sucateado

Julio Serson*
O turismo mundial cresce, a cada ano, na esteira da competitividade do setor, da ampliação dos nichos turísticos de cada país e, sobretudo, da melhoria dos sistemas de emissão e recepção de turistas. Se essa tem sido a tendência internacional, o Brasil mostra que sua locomotiva turística ainda é a velha maria-fumaça, movida a lenha.
Basta ver os números. O País representa cerca de 4% a 5% do PIB global, mas fica com apenas 0,7% das receitas geradas pelo setor turístico em todo o mundo. O movimento de turistas estrangeiros no Brasil permanece praticamente estagnado há uma década, diante de um crescimento mundial acumulado na faixa de 40%. Recebemos cerca de 5 milhões de turistas estrangeiros ao ano, pouco mais de 0,5% do total do planeta. Se compararmos com os líderes, a diferença é absurda: França, 76 milhões; EUA, 59,7 milhões; China, 55,7 milhões; Espanha, 52,7 milhões; e Itália, 43,6 milhões de visitantes.
Esse desempenho preocupa bastante, porque está muito abaixo do que se pode esperar de um país com tantas condições favoráveis: natureza exuberante, cultura rica, diversidade étnica, culinária espetacular, povo acolhedor. Deveríamos apresentar resultados mais expressivos, empregar mais e investir mais. Em 2010, esse mercado movimentou quase US$ 1 trilhão no mundo. O Brasil recolheu míseros US$ 6 bilhões. Pior ainda: os brasileiros que viajaram para o exterior gastaram US$ 16 bilhões. Registramos um déficit de US$ 10 bilhões, que significa algo como 16 mil empregos que perdemos aqui e "exportamos" para outros países.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, este ano o Brasil caiu da 45.ª para a 52.ª posição no ranking de competitividade em turismo (e ocupa só o 7.º lugar nas Américas). É interessante notar que nosso país lidera a pontuação no que se refere a recursos naturais, é o 23.º em recursos culturais e o 29.º em sustentabilidade ambiental. Nosso atraso mostra que ainda nos encontramos na fase da infância neste setor da economia.
O câmbio supervalorizado estimula as viagens de brasileiros para o exterior, mais baratas, e atrapalha a vinda de estrangeiros. O real é, hoje, uma das moedas mais valorizadas do planeta, por causa das estratosféricas taxas de juros, que atraem o capital externo em busca de lucros fáceis. Se tivéssemos abundância de capitais aos juros que americanos e europeus têm, daríamos de 10 a 0 nas empresas deles.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se enreda numa burocracia exagerada que termina por tornar praticamente inviável qualquer tentativa de obtenção de crédito. Basta lembrar que hoje há 1.280 hotéis em construção no Brasil, sem a participação de recursos públicos. Outra questão dramática é a carga tributária. Hotelaria e turismo detêm a incrível marca de mais de 40 itens de tributos.

Falta-nos uma infraestrutura moderna. Não têm sido feitos os investimentos necessários em estradas, ferrovias, portos, aeroportos, energia, transporte urbano e saneamento. Aliás, não fossem os gargalos nos transportes, especialmente aeroportos, o País poderia dobrar o número de turistas estrangeiros.
Enfrentamos a carência de mão de obra qualificada. É preciso formar trabalhadores para o setor turístico e hoteleiro, capazes de receber melhor, atender melhor, conhecer outras línguas e proporcionar ao turista estrangeiro a satisfação que ele espera quando escolhe seu destino.
Nas últimas duas décadas o Brasil deu importantes passos, a partir da estabilização econômica, da liberalização do mercado e da desestatização de áreas que encontraram melhor desempenho sob gestão privada (como telecomunicações, rodovias e, agora, aeroportos, que começam a entrar no regime de concessão). Mas ainda há muito por realizar. A sociedade civil, por sua vez, tem de se organizar e valorizar o setor turístico como fonte de riqueza e desenvolvimento.
*presidente do Grupo Serson, vice-presidente de Relações Institucionais do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Foi presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP)




                                  A BATALHA DO MEU PAI

Mara Gabrilli

Em 2001, ano em que a revista Tpm foi lançada, eu estava para escrever minha coluna da quarta edição quando meu pai foi para o hospital fazer uma intervenção cirúrgica na artéria aorta. Perdeu os dois rins, entrou em coma e eu fiquei impossibilitada emocionalmente de escrever esta coluna. Liguei para o editor na época, que não me deixou escapar. Saiu a coluna “Babbolino”, que conta, no meio da minha imensa dor, tudo o que aconteceu com o meu pai.
Lembro como se fosse hoje eu escrevendo e pedindo a Deus que ele não morresse. Naquele momento, viveria a maior desestrutura da minha vida se ele fosse embora. Eu já tinha quebrado o pescoço e sempre foi mais difícil pra mim enxergar a dor nos olhos do meu pai por eu usar uma cadeira de rodas do que encarar a vida repaginada por uma tetraplegia.
Nessa época, eu desconhecia o lado guerreiro e imbatível que ele exercitou durante cada dia dos dez anos de sobrevida.
Um ano de hemodiálise em que se transfigurava de sofrimento, até fazer um transplante renal. Começou a tomar imunossupressor para não ter rejeição do rim, o que o debilitou demais e ainda lhe trouxe vários focos de câncer de pele e no reto. Foram inúmeras cirurgias. Até para tirar quase que toda a orelha. Sem contar as pneumonias, a diabetes que desencadeou, os níveis oscilantes de ureia e creatinina, as infecções na bexiga…
Aquele que durante anos me acompanhou me levando para esquiar, andar de moto, barco, helicóptero, jogar tênis e conhecer o mundo. Aquele que tomava café da manhã comigo e domingo pegava um de seus ônibus e me levava, junto com meu irmão, para passear. Aquele que sempre foi muito querido e admirado agora estava doente e tinha a vida roubada.
Acompanhei passo a passo cada etapa conquistada pelo meu pai dentro do quadro de falência do corpo que o acompanhou por aqueles dez anos.
Norteei meu trabalho, meus princípios, meu discernimento pelo caráter, pela doçura e pela conduta correta que ele sempre teve.
Foi nesse período que ingressei na política sempre procurando ser a antítese da política suja que adoeceu meu pai.
Como se eu pudesse apagar tudo de ruim que fizeram para ele através de uma política do bem, de uma conduta impecável capaz de extinguir o jogo podre que açoitou minha família, a cidade de Santo André e resultou no mensalão brasileiro.
Olhar
Como poderia imaginar que hoje eu seria uma deputada federal assistindo de dentro do Congresso Nacional ao retorno de vários desses personagens corruptos que destruíram vidas para poder enriquecer.
O meu pai, em seus últimos meses, se expressava com o olhar e um dedo que aprovava e desaprovava. Mas por toda a vida se emocionou só de me olhar e apesar de muito se orgulhar de mim nunca deixou de se indignar por eu ter quebrado o pescoço.
Ele caiu da cama, quebrou o fêmur e teve de ser operado. De repente, seu rim transplantado parou. Desta vez segurei na mão dele e pedi para Deus que o levasse em paz…
Ele deixou comigo tudo o que construímos de vida, sem dor e sem sofrimento: só saudade.
Tudo de bom que fiz e quero continuar fazendo às pessoas dedico ao meu pai, que me ensinou a ser assim.

(*) Mara Gabrilli, 42 anos, é publicitária, psicóloga e deputada federal pelo PSDB. É tetraplégica e fundou a ONG Projeto Próximo Passo (PPP). Seu e-mail: maragabrilli@maragabrilli.com.br


O que me faz lembrar o que o Ivan me disse outro dia:
– Vocês anarquistas precisam se organizar!

O MAL SE FOI , FICOU A MALDADE...
Paulo Cezar Timm


Como sempre, a frase não é minha. Gostaria de tê-la escrito. Faço força para inventar coisas impactantes na vida, mas me falta talento. Fico com o esforço. Me consolo com as palavras do Dr. Pitanguy em entrevista hoje de manhã: - Não se vive sem o ego , mas temos que ser complacentes com ele. A complacência é a medida do limite...”.
A frase é de Göethe.
Pois mataram Bin Laden, a encarnação mais visível do terror contemporâneo, o responsável por milhares de mortes no 11 de setembro, justamente o dia do meu aniversário, justamente o dia em que também mataram  Salvador Allende, em 1973, em pleno exercício da  Presidência no do Chile.  Outrora, os romanos entraram em Cartago e mataram em pouco mais de uma semana mais de 500 mil pessoas. O holocausto matou 6 milhões de judeus, uma fração dos que tombaram na II Guerra Mundial, tragicamente encerrada com as bombas  nucleares  sobre Hiroshima e Nagasaki.  Que horror!
O que leva o homem a matar tantos semelhantes:  Ódio, como reverso do Amor? Ou vice-versa...? Doença mental? Perversão do desejo? Puro interesse?
Ninguém sabe muito bem. Um autor já não muito lido, mas que fez época em meados do século XX, Arhur Koestler,  num célebre livro intitulado – et pour cause – JANO – dizia que o homem tem duas partes do cérebro completamente independentes, a que sente e a que raciocina. Ele não era muito otimista com a espécie humana. Dizia que, por esta razão, estávamos condenados. O homem não “pensará” sua sobrevivência. Sucumbirá ao instinto egóico.  E sentenciava: Quando o homem pensa que faz o bem, na verdade, dissemina o mal. E dava os números: Os “bons” matam um múltiplo dos “maus”. Freud, aliás, ia na mesma linha quando recomendava: “Seríamos um pouco melhores se não tentássemos ser tão bons...”
Já outro autor, Nilton Bonder, superior do rabinato brasileiro e autor de inúmeras obras, dentre elas a desconcertante “A ALMA IMORAL”, que já virou peça de teatro, tendo se apresentado aqui em Brasília no Espaço Cultural da CEF, é mais plausível: Ele acha que nos salvaremos. Não porque a alma é comportada, mas porque ela é “inteligente” o suficiente para romper com o conservadorismo dos corpos, sejam eles físicos, seja sociais, sejam institucional e até religiosos. Um revolucionário este Bonder...!
Então mataram, não muito dignamente o indigno malfeitor Bin Laden. Entraram num país sorrateiramente, adentraram as muralhas do bandido surpreendendo-o no leito com sua família e acabaram com ele. As ruas americanas encheram-se de vingança. As européias, mais calejadas com tantas mortes durante séculos, se acautelaram. Nos países muçulmanos, a perpexidade é grande. E agora...?  E agora José...?
Agora nada.  Lamentavelmente, o mundo pós-moderno continuará jogando milhões de jovens no subterrâneo das neo-paixões solitárias. Do espasmo passageiro e destruidor de prazer. O sistema financeiro continuará sugando as economias produtivas no mundo inteiro. As nações poderosas continuarão “podendo” a torto e a direito e as menos poderosas sonhando em chegar seu  dia de grande potência. Tudo igual...







Escrito por Beto Almeida



O governador Agnelo Queiroz assumiu o corajoso compromisso de erradicar o analfabetismo na Capital da República e no Distrito Federal (DF) até 2014. Este compromisso deve ser apoiado por todos os brasileiros - não apenas pelos moradores do DF -, por todas as forças progressistas, movimentos sociais, intelectuais, movimento estudantil, pois trata-se, simbolicamente, de uma atitude que revela claramente o potencial de que o Brasil, com todos os seus recursos, tem seguramente todas as condições para ver-se livre desta mazela social.
Agnelo está também enviando, como este compromisso, uma mensagem de otimismo, de convocação à luta, de chamado para as transformações sociais, indicando claramente que o Brasil Sem Miséria tem que ser também um Brasil livre da miséria do analfabetismo, da ignorância, da incultura. É como se dissesse: um país com as imensas riquezas que possui, do petróleo ao nióbio, sendo uma das maiores economias do planeta, não tem o direito de conviver com uma herança tão opressiva e desumana que afeta, sobretudo, as camadas mais pobres dos brasileiros, no DF e em todo o território nacional!

AMÉRICA LATINA ESTÁ DERROTANDO O ANALFABETISMO!

A guerra contra o analfabetismo na América Latina sempre esteve vinculada à luta revolucionária, aos programas de governos populares, a governantes antiimperialistas e de esquerda. Agnello está indicando que estão presentes as condições para que o Brasil dê um salto político. Deste modo, está chamando a superar a simples prática e uma administração rotineira, convencional e sem audácia, trazendo para os partidos progressistas o desafio de se colocar à altura das reais possibilidades de transformações sociais que o Brasil possui agora depois de dois governos Lula e após a eleição da presidenta Dilma, derrotando as forças conservadoras, que jamais se levantaram contra o analfabetismo, como também jamais se propuseram a transformar a sociedade.
Vale lembrar que o próprio Plano Estratégico para o Brasil, lançado durante o governo Lula, previa apenas para 2022 a superação do analfabetismo, o que é uma prova de timidez e de falta de prioridade política imensas, se observarmos que vários países muito mais pobres que o Brasil estão conseguindo derrotar o analfabetismo na América Latina. O problema está claramente localizado na esfera das decisões políticas.
Exemplo: como dói a substituição do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães pelo ex-governador Moreira Franco para comandar a Secretária de Assuntos Estratégicos! Colocar como ministro desta pasta um homem que destruiu os CIEPs no Rio de Janeiro, única vez que um governo estadual dedicou 50 por cento de seu orçamento para a educação, é lançar dúvidas sobre um verdadeiro e sincero combate ao analfabetismo.
A atitude de Agnelo Queiroz, na prática, é um chamado às forças progressistas a se mexerem mais além da luta institucional ou parlamentar. Em todos os países que derrotaram o analfabetismo na América Latina a mobilização popular é uma condição indispensável. Assim foi em Cuba, onde o analfabetismo foi extinto há 50 anos!!. Assim foi na Nicarágua Sandinista, quando a Cruzada Nacional da Alfabetização, que contou com a participação ativa de professores cubanos, levou à suspensão das aulas nas universidades por seis meses, período em que os estudantes universitários subiram as montanhas e foram para o campo para alfabetizar os camponeses, numa generosa demonstração de maturidade revolucionária e de entrega, que só os processos revolucionários alcançam, porque elevam as relações humanas, vencem o individualismo, promovem a consciência de que o progresso cultural de um povo ~e tarefa de todos, tarefa coletiva!

TIRIRICA: ALFABETIZADO COM O MÉTODO CUBANO




A Venezuela Bolivariana também já é Território Livre do Analfabetismo, com reconhecimento da UNESCO, devendo sua conquista também à generosa ajuda de Cuba com o seu método de alfabetização “Yo si puedo”, que permite aprender a ler e escrever em um prazo de 45 dias em média. Aliás, conforme revelou Frei Betto em Conferência sobre Cuba Hoje, transmitida pela TV Cidade Livre de Brasília, foi com o método cubano que o Deputado Tiririca aprendeu a ler e escrever rapidamente para fazer frente às exigências elitistas e arrogantes da Justiça Eleitoral que não queria dar-lhe o diploma parlamentar a que faz jus em razão de milhares de votos recebidos, em sua maior parte das camadas mais oprimidas do Estado de São Paulo, sobretudo os trabalhadores nordestinos da construção civil, a quem ele apresentou uma série de propostas corretas e necessárias, escondidas maliciosamente pela mídia.
Uma vez mais, foi Cuba, com sua contribuição humanista em escala internacional, que demonstrou, neste episódio do Tiririca, que quando há vontade política, os instrumentos estão disponíveis e podem ser utilizados pelos mais inesperados setores sociais com vistas a elevar sua condição de cidadania. A conclusão é clara: o programa Brasil Sem Miséria, justo e necessário, não deve limitar-se à alimentação e formação profissional dos mais miseráveis. Aos animais é que se oferece apenas alimento, aos seres humanos é preciso oferecer também cultura, educação, livros, produtos culturais etc.

PRIORIDADE POLÍTICA OU PLANEJAMENTO CONSERVADOR?




Se a Bolívia de Evo Morales também já é, segundo a UNESCO, Território Livre de Analfabetismo, as condições para que o Distrito Federal (muito melhor equipado e estruturado), mas também o Brasil alcance tal conquista estão totalmente presentes. É paradoxal que o Brasil seja um dos maiores consumidores de automóveis e de telefones celulares do mundo, que São Paulo tenha a segunda maior frota de helicópteros do mundo, e ainda existam milhões e milhões de analfabetos!
A solução deste dilema está no plano da política. Agnelo está fazendo uma convocatória decisiva, urgente, inadiável! Não há nenhuma razão para que a erradicação do analfabetismo não tenha sequer metas concretas, apesar de oito anos de governo Lula, de vários governos estaduais progressistas que tivemos neste período, mas, ainda assim, sem que o fim do analfabetismo tenha sido encarado com tarefa prioritária, central, realizável.
Basta lembrar que o Evo Morales, em criança, quando seus pais trabalhavam como canavieiros no norte da Argentina, foi considerado inepto para o letramento. Hoje, não apenas ele é o presidente da Bolívia, como nossos irmãos bolivianos, uma das economias mais pobres da América do Sul, já estão livres da praga do analfabetismo! Se um país como o Brasil que conseguiu recuperar a indústria naval, destruída pela privataria tucana, como não poderia superar definitivamente o analfabetismo?
Sobretudo sendo o Brasil a pátria de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire???. É porque tem faltado vontade política e Agnelo, com o compromisso que assumiu publicamente, está demonstrando que é preciso uma nova arrancada política e que Brasília não quer apenas ser a sede da Abertura da Copa do Mundo em 2014, construindo o estádio, mas também tem que mandar ao mundo a mensagem de que erradicou o analfabetismo.

ALFABETIZAÇÃO É UMA LUTA POLÍTICA

O governo Agnelo credencia-se a convocar todas as forças progressistas, não aquelas que o apoiaram eleitoralmente, para que seja realizado um verdadeiro Mutirão contra o Analfabetismo. O movimento estudantil, a CUT, o Sindicato dos Professores, as Universidades, todos devem ser convocados e incorporados nesta luta por meio da realização de uma Conferência Popular contra o Analfabetismo no DF, na qual sejam planejadas todas as iniciativas possíveis e necessárias, entre elas a mobilização política, pois derrotar o analfabetismo não é uma tarefa apenas técnica, é de cunho político e transformador. É preciso discutir e planejar tendo presente as experiências do passado, entre elas a do Rio Grande do Sul , que, quando governado por Leonel Brizola, conseguiu erradicar praticamente o analfabetismo no início dos anos 60. É preciso organizar acordos com o governo de Cuba para que seus especialistas possam participar deste Mutirão.

O USO REVOLUCIONÁRIO DO RÁDIO

É fundamental que haja a consciência sobre o uso da Rádio Cultura-FM, uma ferramenta que pode cumprir um papel indispensável nesta empreitada, ao contrário de ser apenas uma caixinha de música como vinha sendo na triste Era Arruda, quando só as bandas de rock apoiadas por esquemas milionários da indústria cultural imperial tinham vez, ao passo que sua direção, naquela época, discriminava a música popular brasileira, o samba, a música de raiz, inclusive os artistas negros, numa orientação claramente racista.
É um verdadeiro desperdício de recursos não ter a Rádio Cultura atuando nesta e outras causas da elevação cultural do povo candango. Aliás, vale lembrar que pedagogos cubanos desenvolveram um método para a alfabetização em dialeto creole do povo haitiano, por meio das ondas do rádio, a partir de Cuba. Temos que abrir espaços à criatividade, ao desenvolvimento de novas experiências, políticas e educativas. E a base para isto é o compromisso assumido pelo governador Agnelo Queiroz, que indica um compromisso de luta!